segunda-feira, 21 de junho de 2010

Lição 13

ESPERANÇA NA LAMENTAÇÃO

INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, estudaremos sucintamente o livro de Lamentações, escrito pelo profeta Jeremias. Neste poema, o profeta prateia a destruição do seu povo diante dos invasores babilônicos. Inicialmente, contextualizaremos o livro, em seguida, trataremos a respeitos dos seus principais temas, e, ao final, destacaremos a necessidade de lamentar pela condição atual do povo de Deus.

1. AS LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS
O livro de Lamentações – qinot em hebraico – é da autoria do profeta Jeremias. Trata-se de uma poesia melancólico, bastante comum no Oriente. O autor das Lamentações prateia a destruição de Jerusalém após 587 a. C. O livro é composto de cinco poemas, cada um formando um capítulo. Os poemas partem da estrutura de acrósticos, baseados nas vinte e duas consoantes do alfabeto hebraico. O autor, Jeremias, foi testemunha ocular do desastre que acometeu o povo de Judá. A estrutura do poema, seguindo o padrão hebraico, é composta prioritariamente de paralelismos. Isso quer dizer que não métrica, ainda que apresente forte qualidade tônica e rítmica. Em linhas gerais, o livro discorre a respeito da soberania, justiça, moralidade e julgamento de Deus e a esperança da benção futura. Diferentemente de Jó, que lamenta sua condição pessoal, Lamentações trata do sofrimento nacional. Esse é um livro triste que demonstra as conseqüências do juízo de Deus pelo pecado (Lm. 1.18), do sentimento de culpa por causa de desobediência (1.8; 2.14; 3.40). Mas nem tudo está perdido, pois o autor consegue ver uma fagulha de esperança em meio ao caos, pois o Senhor preservará sua aliança com Israel (3.19-39). Depois da tempestade virá a bonança, a tribulação não será o fim, pois Deus prometeu restaurar o Seu povo (Lm. 3.25-30; Dt. 30; Rm. 11).

2. LEMENTANDO PELO POVO DE DEUS
O capítulo primeiro das Lamentações de Jeremias retrata a figura de Judá como uma princesa que fora violentada e se encontra desolada. A cidade é denominada de “filha de Sião” (1.6). Outra comparação é feita com uma mulher que outrora casada se tornou viúva (1.4,13). Essa situação ocorreu porque Judá, ao invés de confiar no Senhor, se voltou para seus “amantes” e “amigos” – as nações pagãs com as quais se aliou. Como se não bastasse ter se voltado para essas nações, Judá também adorou os seus deuses (Jr. 2.36,37; 27.1-11; 37.5-10). A situação agora era de desolação, pois não havia mais sacerdotes no templo, pessoas para se alegrarem, as virgens prateavam porque não tinham mais homens com os quais pudessem contrair núpcias. A condição de Judá fora antecipada em Dt. 28.25,32,44, resultante das transgressões (1.5). Caso o rei Zedequias tivesse dado ouvidos às palavras de Jeremias, o povo não teria passado por esse julgamento. Ele, porém, preferiu confiar em seus aliados políticos (II Cr. 26.2). Jerusalém, a princesa de Jeová, tornou-se uma prostituta, e como tal, expôs-se vergonhosamente (Lm. 1.17; Jr. 13.20-27). O povo não atentou para a disciplina do Senhor e para as implicações do seu pecado (Dt. 32.28,29). Naqueles tempos, bem como nos dias atuais, o salário do pecado é a morte (Rm. 6.23). Por isso, o arrependimento continua sendo o escape para todos os que se enamoram do pecado (Mt. 3.2; 4.17; At. 2.38; 3.19).

3. ESPERANÇA EM MEIO A LAMENTAÇÃO
Vivemos em um mundo tomado pelo desespero. A angústia passou a ser companhia do ser humano. O pecado naturalizou de tal modo que as pessoas não encontram outro meio de satisfação. A plena satisfação, no entanto, de acordo com o ensinamento bíblico, se encontra em Deus (Mt. 5). Ainda que a humanidade siga arredia dos caminhos do Senhor, não podemos encontrar guarida a não ser em Cristo. Somente Ele, conforme atestaram os discípulos, tem palavras de vida eterna (Jo. 6.68). Como os crentes de Tessalônica, há muitos que não mais têm esperança. Mas a mensagem do evangelho de Cristo nos aponta para um futuro glorioso, no qual a morte não é o fim. Cristo virá para arrebatar a Sua igreja e levá-la para estar com Ele (I Ts. 4.13-17; Jo. 14.1). Os crentes de Corinto não tiveram o conhecimento apropriado da verdade bíblica a respeito da ressurreição. O apóstolo destinou parte da sua I Epístola a fim de esclarecê-los sobre essa esperança cristã (I Co. 15). Cristo ressuscitou, Ele está vivo, e, porque Ele vive, podemos também ter esperança. Mesmo em meio às adversidades da vida presente, podemos ter a convicção, pela fé, de uma realidade que já começou e que haverá de se concretizar plenamente no futuro, a partir da qual viveram os heróis da fé (Hb. 11).

CONCLUSÃO
Jeremias lamentou a condição do seu povo após a invasão dos babilônicos. As lamentações do profeta sensível resultaram em um livro poético, repleto de dor pela miséria judaica. Que o Senhor também nos desperte para chorar por aqueles que se encontram distantes de Deus. Que sejamos também despertados para levar a mensagem de esperança do evangelho de Cristo. Nem tudo está perdido, a morte não é o fim, dias melhores virão, pois o Senhor assim o prometeu (Jo. 14.1,2)

BIBLIOGRAFIA


HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.


LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008.


FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com

terça-feira, 15 de junho de 2010

Lição 12

A OPÇÃO PELO POVO DE DEUS

Objetivo: Destacar a importância dos homens e mulheres de Deus permanecerem do lado do povo de Deus, ainda que isto custe sacrifícios, perdas e até a própria vida.

INTRODUÇÃO
A vida do cristão implica em escolhas, decisões e opções. Jesus ressaltou, em seu chamado ao discipulado, que quem quisesse segui-lo deveria negar a si mesmo (Mt. 16.24). Partindo desse pressuposto, estudaremos, na lição de hoje, a opção de Jeremias, de ficar ao lado do povo de Deus. Em seguida, destacaremos o exemplo dos heróis da fé, em Hb. 11 que também fizeram a sua escolha por Deus e o Seu povo. Ao final, destacaremos a necessidade de, nesses últimos dias, optamos pela igreja do Senhor.

1. A OPÇÃO DE JEREMIAS
Por ocasião da invasão de Judá pelos babilônicos, Jeremias teve a oportunidade de decidir entre ficar ao lado do povo ou dos governantes (Jr. 39.11-14). Ele poderia partir para a Babilônia ou permanecer na terra para cuidar do seu povo. O coração sensível de Jeremias fez com que ele optasse por habitar entre os da sua nação (Jr. 40.5,6,14). Após a conquista de Judá, o governador babilônico expressou, em seu discurso, o que Jeremias há muito tempo estava anunciando. O povo de Judá não deu atenção à palavra do profeta. Mas foi obrigado a ouvir as mesmas declarações em relação ao seu pecado da boca de um gentio. Muitas igrejas estão deixando de atentar para as revelações da Palavra de Deus. Como resultado, o Senhor está usando meios pagãos para mostrar seu pecado. Devemos nos envergonhar quando o mundo expuser os nossos pecados, e mais que isso, buscar um comportamento que seja digno de arrependimento (Gn. 12.10-20; 20.1; II Sm. 12.14). A opção de Jeremias foi por Gedalias, aquele que deveria governar a Judéia. Não seria fácil para o profeta de o Senhor permanecer em uma terra governada por ímpios, mas, como Daniel, ele decidiu ficar ao lado do povo e do Senhor, cuidando para não se contaminar com as iguarias dos reis (Dn. 1.8,9).

2. A OPÇÃO DOS HERÓIS DA FÉ
Os heróis da fé de Hebreus 11, apresentados como exemplo aos cristãos hebreus do Século I, que queriam retornar às práticas judaicas, servem de modelo para os crentes dos dias atuais. Abel, diferentemente de Cain (Gn. 4.1-10) optou por adorar a Deus e obedecê-lo na fé (Mt. 23.12) e seu testemunho nos fala ainda hoje (Hb. 11.4). Enoque, numa geração de pessoas que caminhavam distante de Deus, optou por andar na fé, para ser mais preciso, andar com Deus e isso fez toda diferença na sua vida, sendo transladado pelo Senhor (Hb. 11.5,6). A fé de Noé o levou a trabalhar para Deus de modo que toda a sua família foi influenciada pela sua dedicação (Hb. 11.7). Jesus fez menção à vida de Noé como um alerta aos seus ouvintes (Mt. 24.36-42), que fora ignorado pelo povo da sua época (II Pe. 2.5). Os patriarcas, dentre eles Abraão, optaram por esperar na fé e a obedecerem ao Senhor (Hb. 11.13-16). A fé de Abraão nos instiga, a como ele, optar pela Palavra de Deus, ainda que não a compreendamos (Hb. 11.17-19). A fé de Moisés fez com que ele optasse pela peleja em prol do povo de Israel (Hb. 11.23-29). Esse homem de Deus rejeitou o trono egípcio, preferindo colocar-se na posição para a qual havia sido chamado (Hb. 11.24-26). A opção de Moisés foi honrada por Deus, que livrou o povo do cativeiro egípcio (Ex. 11-13).

3. A OPÇÃO PELA IGREJA
Nos dias atuais, tomados por valores distorcidos, distantes da Palavra de Deus, cabe a cada homem e mulher de Deus optar pela igreja do Senhor. Há muitos que já não mais valorizam a igreja, acham que essa é desnecessária. Mas essa foi escolhida por Jesus, Ele mesmo separou a Sua igreja, as portas do inferno não podem contra ela. Reconhecemos que algumas igrejas estão saindo do plano divino. Isso, no entanto, não deva ser motivo para deixar de valorizá-la. Não podemos, como alguns hebreus cristãos do Século I, deixar de congregar-nos, como ela costume de alguns (Hb. 11.25). A igreja local jamais será perfeita, pois é constituída de pessoas defeituosas. Somente poderemos conviver na igreja se tolerarmos uns aos outros em amor (Ef. 4.12). As igrejas do século XXI precisar recuperar o modelo de algumas igrejas do século I, em seu espírito comunitário (At. 4.32-47). Apesar dos erros da igreja moderno, dos extremos pós-pentecostais, da indisposição de alguns grupos de serem aferidos pela Bíblia, não podemos deixar de continuar investindo na igreja, pois, apesar disso, não podemos esquecer que Seu futuro é a glória.

CONCLUSÃO
Jeremias preferiu ficar do lado do povo de Deus a assumir uma posição de conformismo com a situação política de sua época. Ele sabia que não havia sido chamado para o palácio, mas para o púlpito profético. Que a igreja, principalmente os líderes, não esqueçam do objetivo para o qual foram chamados. Neste ano de eleições políticas, a igreja precisa saber qual é o seu devido lugar, para não se deixar contaminar com as iguarias do rei.

BIBLIOGRAFIA

HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.
LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008.

Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com

Lição 11

A EXCELÊNCIA DO MINISTÉRIO

Objetivo: Ressaltar que a excelência do ministério cristão repousa na busca prioritária pela glorificação de Deus.

INTRODUÇÃO
Há uma crise no ministério cristão mundial, mas não se trata de um fenômeno recente. Paulo experimentou críticas e oposições por causa da sua opção ministerial. Mas nos dias atuais, os ministros de um pseudo-evangelho são os principais responsáveis, pois transformaram o chamado em profissão. Na lição de hoje, estudaremos a respeito da excelência do genuíno ministério cristão. Partiremos do exemplo de Baruque, e, ao final, destacaremos o propósito do ministério excelente: a glória de Deus.

1. BARUQUE, UM MINISTRO
Durante o quatro ano do reinado de Jeoaquim, por volta de 605 a. C., Baruque, o ministro do Senhor, recebe uma mensagem de repreensão por se encontrar deprimido e temeroso em relação ao futuro. A tristeza desse homem resultara da percepção das implicações das profecias de Jeremias. Diante da sua angústia, o profeta precisou lembrar Baruque da tristeza do próprio Deus em relação à calamidade inevitável que viria sobre a nação. A partir de Jr. 45, depreendemos que Baruque, esse fiel servo de Jeremias, que registrou suas profecias, tinha um irmão no palácio oficial e que rejeitara um cargo ali a fim de acompanhar Jeremias. Todos os homens e mulheres de Deus tiverem companheiros fiéis para lhes dar o suporte necessário. Moises teve seus setenta anciões; Davi, seus homens poderosos; Paulo, seus auxiliadores, tais como Timóteo, Tito e Silas. Do mesmo modo, devemos agradecer a Deus pela companhia que Jeremias pode ter através do secretariado de Baruque. Graças a esse ministro temente a Deus, podemos ler, atualmente, os escritos do profeta do Senhor. Nem todos são chamados para serem pastores ou profetas, mas graças a Deus pelos “baruques”, os humildes servos do Senhor que trabalham à surdina, com vistas exclusivamente ao crescimento do Reino de Deus. Mesmo assim, esse temente homem de Deus se deprimiu ao testemunhar a mensagem de juízo (Jr. 45.3). Mas o Senhor deu-lhe uma mensagem de encorajamento a fim de que esse não colocasse sua esperança no futuro de Judá e para que se tranqüilizasse, pois sua vida seria preservada, haja vista ter ele priorizado a Palavra de Deus (Mt. 6.33), pois tal como João Batista, valorizou a obra de Deus, e menos a ele mesmo (Jo 3.30). Aqueles que temem ao Senhor sabem que a provação (I Pe. 4.12-19) produz ouro puro (Jó. 23.10).

2. O MINISTÉRIO NA BÍBLIA
O ministro, no Antigo Testamento, em hebraico, é sarat e donota aquele que serve, associado ao que auxilia nos serviços reais (II Sm. 1317; I Rs. 10.5; I Cr.27.1; 28.1; Et. 1.10). O ministro normalmente desenvolvia algum trabalho para indivíduos de status proeminente, tal como José, que servia a Potifar (Gn; 39.4). Mas o uso mais comum desse termo se dá no contexto da adoração ao Senhor (Nm. 16.9; Dt. 10.8; Ez. 44.15-16) Os ministradores do Senhor, no Antigo Pacto, eram os levitas (I Cr. 16.4, 37), ainda que essa não fosse uma regra geral (I Sm. 2.11, 18; 3.1). No Novo Testamento, o ministro é, em grego, um diakonos, alguém que serve. Paulo refere-se a si mesmo com esse termo, ressaltando o caráter sacrifical do ministério cristão (II Co. 6.1-4) de um novo pacto (II Co. 3.6), de justiça (II Co. 11.15), de Cristo (Cl. 1.7), de Deus (II Co. 6.4) do evangelho (Ef. 3.7) e da igreja (Cl. 1.25). Jesus é o maior exemplo de serventia para o cristão, seja ou não obreiro. Paulo nos diz que Ele tomou a natureza de servo (Fp. 2.7; Lc. 4.8), em consonância com o servo sofredor de Is. 53. A diakonia, que costuma ser reduzida ao cargo eclesiástico, diz respeito ao ato de servir aos outros no Corpo de Cristo (At. 4.32-37; II Co. 9.13). O exercício efetivo do ministério, por meio dos pastores, evangelistas, mestres, apóstolos e doutores visa à edificação da Igreja (Ef. 4.11,12)

3. PARA A GLÓRIA DE DEUS
Embora o ministério cristão, em especial os pastorado, seja instrumento de descrédito, as palavras de Paulo, em I Tm. 3.1 continuam aplicáveis. Aqueles que almejam o pastorado (bispado), excelente obra almejam. Mas é preciso que os critérios recomendado pelos apóstolos, no contexto desse versículo, sejam considerados. Infelizmente, muitos estão adentrando ao ministério tão somente para auferir status, poder ou dinheiro. Como conseqüência, a profissionalização do ministério está substituindo o genuíno chamado. A politicagem eclesiástica também causa danos sérios às igrejas. Há pastores que hoje são chamados pastores e não pastores chamados. Eles servem apenas a si mesmos, não buscam dar a glória a Deus. Esses falsos ministros receberão, do Senhor, a paga no tempo devido. Os ministros que vivem em simplicidade, que se dedicam a ministração da Palavra, que vivem exemplarmente estão sendo descartados. Enquanto isso, aqueles que fazem marketing pessoal, que mercadejam a mensagem, que fazem concessões ao evangelho, obtêm maior existo. Mas é preciso ressaltar que o trabalho do Senhor não é avaliado por critérios humanos. Os ministros aprovados por Deus são aqueles que não têm do que se envergonhar e que manejam bem a Palavra da Verdade (II Tm. 2.15). Quando o Supremo Juiz julgar as obras dos ministros, muitos daqueles que ostentaram fama, glória e riqueza ficarão envergonhados. O Senhor lhes dirá que eles já receberam o galardão que tanto desejaram.

CONCLUSÃO
Baruque é um exemplo de ministro fiel para os dias atuais. Ao invés de buscar o êxito pessoal, o auxiliar do profeta estava preocupado com a nação. Oramos ao Senhor da seara para que Ele envie obreiros (Lc. 10.2) que sirvam com amor, e principalmente, com humildade. Que o Senhor nos dê pastores que entendam o real significado da diakonia e sigam o exemplo de Cristo ao lavar os pés dos seus discípulos (Jo. 13.4,5).

BIBLIOGRAFIA

HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.
LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008

Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com

Lição 10

O VALOR DA TEMPERANÇA

Objetivo: Ressaltar a relevância da temperança para a igreja cristã a fim de que seus membros não se conduzam pela concupiscência da carne.

INTRODUÇÃO
Os seres humanos vivem sob a esfera do desejo. Há quem diga que a forma de vencer a tentação é, ao invés de resistir, entregar-se. O ensinamento bíblico, no entanto, instrui à temperança. Na lição de hoje, a partir do exemplo dos recabitas, estudaremos sobre a importância da temperança. Ao final, enfatizaremos a relevância desse ensinamento e dessa prática na vivência da igreja cristã.

1. A ORIGEM DOS RECABITAS
O capítulo 35 de Jeremias relata o acontecimento do reinando de Jeoaquim. Nesse período, entre 599 e 597 a. C., Jeremias testa a fidelidade dos recabitas, uma comunidade religiosa, cujo fundador havia sido Jeonadabe ben Recabe (II Rs. 10.15-31), que participara ativamente da destruição da família de Acaba (por volta de 840 a. C.) e do massacre contra os profetas de Baal. Os recabitas eram queneus (Jz. 1.16; I Cr. 2.55), e provavelmente, habitavam como nômades no deserto (I Sm. 15.6). Nos tempos de Jeremias eles habitavam as montanhas de Judá. O modo de vida deles, conforme imposto pelo seu pai Jonadabe, proibia a habitação em casas ou fazendas e a produção e o consumo de vinho. Destacamos, porém, que esse estilo de vida não havia sido imposto por Deus, mas pelos antepassados. Se as práticas dos recabitas eram certas ou erradas não vem ao caso na lição de hoje. Nem mesmo a posição de Jeremias, ao incitá-los ao consumo de vinho, sendo esse um recurso didático, isto é, uma lição que o profeta pretendia dar ao povo de Israel, através do exemplo dos recabitas. Lição essa que pode muito bem ser aplicada aos cristãos, a fim de que esses exercitem a prática espiritual da temperança.

2. RECABITAS, UM EXEMPLO DE TEMPERANÇA.
Ainda que não fosse proibido o consumo de vinho entre os judeus na época de Jeremias, os recabitas, em obediência ao seus antecipados, não aceitaram a proposta do profeta: “Mas habitamos em tendas, e assim obedecemos e fazemos conforme tudo quanto nos ordenou Jonadabe, nosso pai” (Jr. 35.10). Os princípios desses homens foram reconhecidos e recompensados pelo Senhor, pois serviram de instrução para os habitantes de Judá daquele tempo (Jr. 35.18,19). Isso porque a atitude dos recabitas deveria servir de exemplo para os líderes de Judá. Se o mandamento de um homem, Jeonadabe, era respeitado e obedecido pela sua família, por mais de duzentos anos, porque o povo de Judá não fazia o mesmo em relação aos princípios do Altíssimo? Se as palavras de homens eram colocadas em tal patamar, por que não as palavras do Senhor, expressas pelos profetas repetidamente? A dedicação que determinadas pessoas têm pelas tradições familiares, e mesmo por suas religiosidades, devem servir de reflexão para os cristãos, a fim de que esses possam atentar para o valor da Eterna Palavra de Deus. Somente para ilustrar, no filme Carruagens de Fogo, baseado na história real do missionário escocês Eric Liddell, mostra uma cena na qual o jovem competidor cristão se indispõe a participar de uma corrida porque essa se realizará no dia do Senhor. O líder do seu país, ao invés de criticá-lo, o elogia pela firmeza em seus princípios. O principal desafio para os cristãos, em meio a uma sociedade sem princípios, é manter os ensinamentos da Escrituras, não apenas em palavras, mas, principalmente em ações.

3. O CRISTÃO E A TEMPERANÇA
A palavra “temperança”, também traduzida por autocontrole e domínio próprio, é enkrateia no grego do Novo Testamento. Em sua forma nominal – como substantivo – aparece três vezes, em Gl. 5.22 0 para designar um dos aspectos do fruto do Espírito; At. 24.25 – quando Paulo se dirigia ao governador Felix; e II Pe. 1.6 – compondo a lista uma das listas das virtudes cristãs. Em I Co. 9.25 Paulo usa essa palavra na forma verbal para referir-se à disciplina criteriosa dos atletas em treinamento. Do mesmo modo se refere o Apóstolo, em I Co. 7.9, para ressaltar a importância de o crente ter domínio sobre os desejos sexuais. Entre os filósofos gregos, Platão e Aristóteles, essa palavra fora utilizada para descrever o ascetismo, isto é, a abstinência dos desejos. Em Rm. 8.5-9 Paulo mostra o segredo da temperança. Para esse, em consonância com Ef. 5.18, a temperança é resultado de uma vida controlada pelo Espírito. O cristão controlado pelo Espírito, anda nEle e produz o Seu fruto (Gl. 5.22). É necessário destacar que não se trata de ascetismo, pois, já nos tempos de Paulo, havia quem pregasse a total abstenção da carne e do casamento (I Tm. 4.3,4). A temperança na vida do cristão deva ser apresentada através do equilíbrio no falar (Tg. 3.2), dos desejos sexuais (I Co. 7.9; I Ts. 4.3-8), no cotidiano (I Co. 6.12-20), no uso do tempo (Lc. 12.35-48; I Ts. 5.6-8)m no domínio da mente (Rm. 13.14; Fp. 4.8).

CONCLUSÃO
Jesus é o maior exemplo de temperança para o cristão. Pois ele, muito embora tenha sido tentado em tudo, não pecou (Hb. 4.15). Com base na experiência da tentação de Jesus, registrada em Lc. 4.1-13, podemos aprender, para o desenvolvimento da temperança, que é fundamental o contato contínuo com o Espírito Santo. A mente do cristão deva estar voltada para Deus, edificada pela Palavra do Senhor e pela oração, na prática de disciplina do domínio próprio.

BIBLIOGRAFIA
HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.
LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008.

Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lição 9

ESPERANDO CONTRA A ESPERANÇA

Objetivo: Mostrar aos crentes que aqueles que esperam nos Senhor terão suas forças renovadas, e, mesmo como uma árvore cortada, poderá, ao seu tempo, frutificar.

INTRODUÇÃO
O julgamento sobre Judá seria inevitável. Diante da calamidade, o profeta teria motivos para desesperar-se. Mas, conforme estudaremos na lição de hoje, ele adotou uma atitude de esperança. Nos dias atuais, veremos, nesta aula, que, do mesmo modo, temos fundamentos, em Cristo, para esperar um futuro promissor.

1. O DESESPERO JUDAICO
O capítulo 30 de Jeremias, de acordo com alguns estudiosos, destaca o período próximo ao exílio, por volta do ano 587 a. C. A calamidade já havia se instaurado sobre a nação e o povo havia perdido a esperança. O profeta que até então havia vaticinado o julgamento, passa, nesse momento, a mostrar que ainda há esperança. Ele destaca que o cativeiro servirá de lição para aqueles que se distanciaram do Senhor (Jr. 30.1-3). O tempo de angústia, na condição profética, nunca é o fim, mas um prelúdio para dias melhores que virão no futuro (Am. 5.19,20; Sf. 1.14-18). O Israel de hoje já começa a desfrutar das promessas que alcançarão sua plenitude durante o Milênio, no qual Cristo estará reinando com Sua igreja (Ap. 20.2-7). Por esse tempo, todas as profecias elencadas no Antigo Testamento, que dizem respeito a Israel, se cumprirão. Já temos atualmente um Estado de Israel, criado, maravilhosamente, em um só dia (Is. 66.8). No dia 14 de maio de 1948 a criação desse Estado foi proclamada. O povo judeu passou por muitos sofrimentos ao longo da sua história. Um dos mais marcantes foi o da perseguição durante o período da Segunda Guerra Mundial. Hitler exterminou mais de 6 milhões de judeus. Mas esse povo não foi esquecido de Deus, há promessas que se cumprirão no futuro (Rm. 11). Haverá o dia no qual eles reconhecerão que Jesus é o Rei dos reis e Senhor dos senhores, e, então, a redenção judaica será plena, essa é a esperança do povo judeu.

2. O DESESPERO HUMANO
O desespero, entretanto, não é uma especificidade dos judeus. A sociedade moderna está toldada por esse sentimento. As pessoas não sabem mais em quem ou em que esperar. Os sonhos da humanidade, de certo modo decorrentes do período pós-guerra, esmaeceram. As expectativas de progresso se dissiparam com a explosão das bombas atômicas da Guerra. O ser humano perdeu a esperança no próprio homem, e o mais triste, no próprio Deus. A voz do desespero humano pode muito bem ser ecoada a partir das reflexões do filósofo Nietzsche. Ele entendeu que estávamos diante de uma geração anticristã. Ele mesmo constatou a morte de Deus, isto é, que a humanidade não mais vivia a partir dos pressupostos cristãos. Testemunhamos, como resultado do desespero humano, a angústia e mais uma série de mazelas que acompanham a sociedade. Não há mais absolutos, por esse motivo, todos vivem a partir de um relativismo extremado. Cada um faz o que pensa e o que acha que é melhor para as suas vidas. Como Deus está “morto”, cada um tenta dar sentido à sua vida a partir da esfera material. Nunca o ser humano valorizou tanto o material em detrimento do espiritual. O dinheiro – Mamon – está entronizado no coração das pessoas. A depressão tornou-se uma mal recorrente que se alastra em todas as camadas sociais. A morte tornou-se um fim em si mesmo, a existência humana está reduzida ao corpo físico, que, neste contexto, se transformou em objeto de culto. A eternidade dura apenas enquanto o corpo consegue se manter saudável e com boa aparência. Alguns filósofos recentes retrataram com maestria essa condição, dentre eles destacamos Jean Paul Sartre e Albert Camus. Entre eles, um cristão, Soren Kierkegaard, lançou, no absurdo da fé, o escape contra o desespero.

3. A ESPERANÇA CRISTÃ
A esperança cristã, no entanto, não se fundamenta no absurdo, mas na confiança no Senhor (Mt. 12.21; Rm. 15.12). Seguindo a instrução de Paulo, nós, os cristãos, diferentemente da sociedade moderna, não devemos pôr nossa esperança na riqueza (I Tm. 6.17). Antes na ressurreição do Senhor Jesus, por meio do qual podemos enfrentar o futuro com confiança (Rm. 8.24,25; I Co. 15.19). Tal expectativa (Hb. 11.1) fundamenta-se em Deus (I Tm. 4.10) e no Senhor Jesus Cristo (I Pe. 1.13). A esperança do Cristo é a alegria da glória (Rm. 5.2), pois essa jamais nos desapontará (Rm. 5.5). A esperança cristã está direcionada para o futuro, para o que não se vê, pois quando já vemos, a esperança perde sua razão de ser (Rm. 8.24). A grande esperança da igreja é a volta de Cristo (Tt. 2.13), a ressurreição dos mortos (At. 23.6), a salvação eterna (Rm. 8.20,21; Gl. 5.5; Ef. 1.18; Tt. 1.2; 3.7). Quando isso acontecer, estaremos com o Senhor, a esperança da glória (Cl. 1.27; I Tm. 1.1). A esperança cristã está alicerçada nas Escrituras (Rm. 15.4), por meio do sacrifício de Jesus (I Pe. 1.3,21) e pela presença do Espírito Santo (Rm. 5.5). Deus requer, dos cristãos, que se revistam da esperança (I Ts. 5.8) e, ao mesmo tempo, que estejam prontos a partilhá-la com os outros (I Pe. 3.15).

CONCLUSÃO
Aqueles que se distanciam do Senhor, de fato, não têm motivos para ter esperança (Ef. 2.12). A igreja, porém, mesmo diante do desespero, tem fundamento para esperar. Isso porque antes de partir, disse Jesus aos seus discípulos: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” (Jô. 14.1-3). Eis o fundamento da esperança cristã.

BIBLIOGRAFIA
HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.
LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008.

Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com

terça-feira, 18 de maio de 2010

Lição 8

O PODER DA VERDADEIRA PROFECIA


Objetivo: Alertar aos cristãos quanto ao uso apropriado do dom de profecias, bem como a utilizar os critérios bíblicos para julgar as falsas profecias.

INTRODUÇÃO
Nessa lição, estudaremos a respeito do valor da verdadeira profecia. Para tanto, definiremos, no início do estudo, a profecia bíblica. Em seguida, contextualizaremos o texto bíblico em foco, que aponta Hananias como um falso profeta. Essa análise servirá na análise das falsas profecias. Ao final da lição, abordaremos o uso do dom espiritual da profecia na igreja.

1. DEFININDO A PROFECIA BÍBLICA
No Antigo Testamento, a palavra profecia é naba, cujo sentido primário é “anunciar” ou o de “ser chamado”. O fenômeno da profecia não se limitava a Israel, já que os profetas de Baal, no Carmelo, também profetizaram (I Rs. 19.29). Mas tais profecias não tinham o aval divino. O Deus de Israel chama seus profetas para denunciar os erros dos governantes, ainda que esses tenham o apoio de falsos profetas ( I Rs. 22.1-28). Os profetas Jeremias e Ezequiel também se posicionaram contra aqueles que profetizavam de acordo com os intentos pessoais (Jr. 14.14-16. Ez. 11.4; 13.2). Diferentemente dos falsos profetas, o verdadeiro profeta não fala de si mesmo, mas em nome do Senhor. Para evitar que o povo fosse conduzido pelo engano, fazia-se necessário testar as profecias, avaliar se as palavras provinham do Senhor (Dt. 18.21,22; 13.1-3) e se a vida do profeta condizia com o que proclamavam (Jr; 23.9-13). No Novo Testamento, a profecia, propheteia em grego, é uma predição a respeito do futuro, ainda que, em sentido amplo, se refira a todo e qualquer anúncio feito a partir de Deus (Ap. 19.10; 11.6). Há citações constantes, ao longo do Novo Testamento, às profecias do Antigo Testamento (Mt. 13.14; II Pe. 1.10,20; Jd. 14). João Batista (Lc. 1.76) e Jesus (Mt. 21.11; Jo. 4.44) são reconhecidos como profetas. Mas existem outras menções a profetas no Novo Testamento, tais como Judas e Silas, que encorajavam os irmãos (At. 15.32) e Ágabo que predizia o futuro (At. 21.10,11).

2. HANANIAS, UM FALSO PROFETA
Jeremias, por volta do ano 594 a C., teve um encontro com um falso profeta que estava animando e consolando o povo, com palavras de paz. Seu nome era Hananias e se destacava por não levar a sério a proclamação de juízo de Jeremias. O Profeta estava ciente da verdade em suas palavras, pois havia sido o próprio Senhor que havia falado. O cumprimento cabal da mensagem profética iria demonstrar, àquele falso profeta e a todo o povo descrente, que Deus velava pelas suas palavras para cumpri-las. A resposta de Jeremias, à incredulidade do falso profeta, foi sarcástica, disse ele: “Amém! Assim faça o Senhor; confirme o Senhor as tuas palavras, que profetizaste, e torne ele a trazer os utensílios da casa do Senhor, e todos os do cativeiro de Babilônia a este lugar” (v. 6). Dentro de poucos dias o povo de Judá estaria debaixo do jugo de Nabucodonozor, o rei da Babilônia. Aqueles que falam em nome do Senhor, em conformidade com a Sua Palavra, não precisam se exasperar, basta apenas esperar, pois passará os céus e a terra, mas não a Palavra que o Senhor falou (Mc. 13.31). No caso específico de Hananias, sua incredulidade resultou em ruína e sua morte foi iminente. O julgamento imediato de uma pessoa, com a morte imediata, como aconteceu com os seguidores de Coré (Nm. 16), Uzá (II Sm. 6), Hananias (Jr. 28.17), Pelatias (Ez. 11.13) e Ananias e Safira (At. 5.1-11) não pode ser generalizada, mas também não pode ser descartada, pois o Senhor, em Sua soberania, age como quer. Essa verdade deve motivar à obediência, afinal, “horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb. 10.31).

3. O DOM ESPIRITUAL DE PROFECIA
Em I Co. 14 Paulo elenca os dons espirituais que atuam na igreja, com vistas à edificação do Corpo de Cristo. Dentre eles o da profecia, o qual recebe certa singularidade, haja vista sua função espiritual, comparada a de falar línguas, uma vez que quem fala línguas edifica apenas a si mesmo, e quem profetiza edifica toda a igreja (I Co. 14.1-4). Ainda assim é necessário que o dom profético seja manifestado com decência e ordem. Entre os que profetizam apenas dois ou três podem falar, e devem saber que a profecia está sujeita a julgamento. Como os bereanos, os crentes, na igreja, devam julgar a profecia à luz da palavra de Deus (At. 17.11). Isso porque existem profecias que partem dos próprios sentimentos humanos (At. 21.4,12). Alguns princípios devam ser observados em relação ao dom de profecia: 1) qualquer crente que tenha experimentado o enchimento do Espírito pode profetizar (At. 2.16-18); 2) a igreja não deve ter o dom profético como infalível (I Jô. 4.1; I Ts. 5.20,21); 3) toda profecia precisa ser avaliada pela Palavra de Deus e contribuir para a santificação da igreja; e 4) a direção do Espírito, através da profecia, é dada à igreja (I Co. 12.11). Portanto, urge que a igreja valorize os dons espirituais, principalmente o da profecia. Nesses tempos materialistas, há igrejas que não mais se importam com os dons espirituais. A esse respeito é válida a recomendação de Paulo: “Não extingais o Espírito” (I Ts. 5.19). Mas é preciso também atentar para o fruto do Espírito, pois o amor é o caminho sobremodo excelente (I Co. 13) e o andar no Espírito uma instrução para todo crente (Gl. 5.22).

CONCLUSÃO
Existem profecias que são falsas e verdadeiras. O Espírito Santo, porém, não é Deus de confusão. Por essa razão, não precisamos fugir das profecias dadas pelo Senhor. Antes devemos buscar com zelo os dons espirituais, dentre eles o de profetizar. Em relação às falsas profecias, como Jeremias, precisamos estar atentos à voz de Deus. Quando conhecemos a revelação de Deus, as profecias falsas são facilmente identificadas. As profecias verdadeiras, por sua vez, atuam poderosamente sobre a igreja, exortando, consolando e edificando os crentes (I Co. 14.3).

BIBLIOGRAFIA
HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.
LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008.

Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com

Lição 7

O CUIDADO COM AS OVELHAS

Objetivo: Alertar os obreiros para o cuidado em relação às ovelhas de Cristo, o Bom Pastor, a fim de não serem envergonhados quando se apresentarem perante Ele.

INTRODUÇÃO
O pastorado moderno se transformou numa profissão. A maioria dos pastores atuais perdeu o senso de vocação. A lição de hoje visa corrigir esse equívoco, e mostrar que, já no tempo de Jeremias, existiam pastores que não apascentavam o rebanho. Em seguida, destacaremos algumas instruções às quais os pastores do Senhor devam atentar na condução das ovelhas. Ao final, apontaremos para Jesus, o Exemplo Maior de um Bom Pastor.

1. PASTORES QUE NÃO APASCENTAM
No Antigo Testamento, era o ra’ah, cujo sentido primário é o de “alimentar”, “dar pastagem”. Os pastores são os líderes de modo geral (I Rs. 22.17; Ez. 34.5; 37.24; Zc. 11.16; 13.7). Deus se revela, em Sl. 23.1; 80.1; Is. 40.11; Jr. 31.10, como o pastor de Israel. No Novo Testamento, pastorear vem de poimen, substantivo que significa, como em hebraico, “apascentar, alimentar”. Em Ef. 4.11, os pastores são apresentados como dádivas ministeriais de Cristo para a edificação da igreja. Infelizmente, nem todos os pastores se adequam ao modelo bíblico. Apascentam apenas a si mesmos, não têm qualquer cuidado pelo rebanho. Nestes dias difíceis, o pastorado está sendo confundido com uma profissão. Os pastores exploram as ovelhas, extorquem suas peles a fim de satisfazerem suas ganâncias pessoais. Os pastores de Judá, ao invés de darem o exemplo, tornaram-se falsos líderes (Jr. 23.1,8; 10.21). No tempo de Jeremias, os pastores não conduziram sabiamente o rebanho de Deus. Eles perderam a misericórdia e passaram a explorar as ovelhas. Os líderes, guiados pela idolatria, tornaram-se responsáveis diretos pelo julgamento iminente. O termo pastor, no contexto da passagem, se refere a toda liderança de Judá. Os reis, os sacerdotes e os profetas, todos eles deveriam se portar decentemente perante o povo, ele, no entanto, fizerem um pacto para desobedecer ao Senhor, e pior que isso, justificaram que tudo o que faziam era a vontade Deus. Hoje, do mesmo modo, há pastores que tudo fazem, até mesmo vão de encontro à Palavra de Deus, justificando que estão agindo em prol do “reino de Deus”.

2. O CUIDADO COM AS OVELHAS DO SENHOR
O pastor, de acordo com a própria etimologia da palavra, deve alimentar e proteger as ovelhas. O alimento que verdadeiramente nutre o rebanho é a Palavra de Deus. Infelizmente, os pastores estão substituindo essa refeição saudável por fast foods industrializados. Algumas igrejas evangélicas estão desnutridas, ainda que haja aparência de saúde. Isso porque os pastores não levam mais a palavra para os púlpitos. As mensagens de auto-ajuda, as histórias infundadas e os tristemunhos assumiram a proeminência na igreja. Para que o povo não se ausente da congregação, os pastores estão fazendo concessões. Alguns citam Paulo, dizendo que é preciso se fazer de tolo para ganhar a todos. O Apóstolo dos Gentios, no entanto, nunca abriu mão do genuíno evangelho. Na verdade, opôs-se frontalmente a todo evangelho que não fosse o de Jesus Cristo (Gl. 1.7-9). Os pastores que cuidam das ovelhas do Senhor devem, primordialmente, ter compromisso com a Palavra de Deus. Além disso, é preciso que amem o rebanho do Senhor, saibam, conforme revelou Paulo em Éfeso, que não são donos das ovelhas, por ainda que usem da autoridade, não podem ser autoritários. Um pastor que não ama tende a controlar as ovelhas pela força e, não poucas vezes, a exagerar na dose, supervalorizando o poder em detrimento do amor. O resultado são relacionamentos superficiais, fundamentados no medo e que, não poucas vezes, resultam em abuso espiritual, e não poucas vezes, em doenças psicossomáticas.

3. JESUS, O EXEMPLO DE BOM PASTOR
O pastor vocacionado por Deus segue o exemplo de Cristo, o Bom Pastor (Jo. 10.1-9). Os falsos pastores não entram pela Porta (Cristo), mas sobe por outra parte. O pastor comprometido com a obra é aquele que olha para Cristo, desejando glorifica-lo, fazendo tudo no poder que Ele outorga, pregando Sua doutrina, andando em Seus passos e se esforçando para conduzir os pecadores a Cristo. Os falsos pastores entram no ministério motivados por interesses mundanos e pela auto-exaltação, não pelo desejo de exaltar a Jesus. Esses conseguem arrebanhar uma multidão de incautas, pessoas simples que, por não conhecer a Bíblia, torna-se presa fácil dos seus caprichos. Mas não acontece assim com as ovelhas de Cristo, pois elas ouvem a Sua voz, e, diferentemente dos impostores, não são induzidos ao erro. A mensagem central do pastor de Cristo, não é ele mesmo, pois não depende do marketing pessoal, mas a Cruz de Cristo, sem a qual o evangelho se descaracteriza. Quando alguém encontra um pastor, nos moldes de Jesus, encontra a verdadeira liberdade. Isso porque um pastor segundo Cristo não põe fardos pesados sobre as ovelhas que ele mesmo não é capaz de carregar. Um pastor semelhante a Cristo não folga ao ver a ovelha errante pelo deserto, antes a busca amorosamente a fim de trazê-la ao aprisco.

CONCLUSÃO
Os pastores são dádivas de Cristo para a edificação da igreja. Mas nem todos os que se dizem pastores o são no sentido bíblico do termo. Um verdadeiro pastor busca, primordialmente, alimentar o rebanho. Os movimentos evangélicos modernos estão descaracterizando esse significado. Por causa disso, nos deparamos, nos dias atuais, com pastores que se ufanam em seus cargos, investem intensamente na auto-exaltação e cuidam apenas dos seus interesses. Diante de desmandos tais, convém, nesses últimos dias, orar para que o Senhor envie obreiros genuínos para a Sua seara, compromissados, sobretudo, com o Evangelho de Cristo.

BIBLIOGRAFIA
HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.
LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008.

Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Lição 6

A SOBERANIA E A AUTORIDADE DE DEUS

Objetivo: Mostrar que Deus, em Sua soberania inquestionável, trata as Suas criaturas como bem lhe aprouve, portanto, devemos aprender a submetermo-nos à Sua perfeita, boa e agradável vontade.

INTRODUÇÃO
Na aula de hoje estudaremos a respeito da soberania e autoridade de Deus. Primeiramente, analisaremos a visita de Jeremias à casa do oleiro. Essa visita servirá de instrução para que entendamos a soberania e a vontade de Deus. Ao final, destacaremos a relevância de observamos a vontade de Deus, haja vista ser essa boa, perfeita e agradável.

1. NA CASA DO OLEIRO
No capítulo 18, Jeremias recebeu uma instrução do Senhor a partir do trabalho do oleiro no manejo da argila. Essa era uma profissão bastante comum no Oriente Médio, nos tempos do Profeta. Na condução do seu trabalho, o oleiro dispunha de um par de pedra que circulavam atadas num eixo vertical; a inferior era girada pelo pé do oleiro e isto fazia com que a de cima também girasse a argila que estava no meio e recebia sua forma pelas mãos, à medida que a roda girava. Certamente Jeremias deva ter passado na casa do oleiro muitas vezes, mas, nessa ocasião especial, o Senhor lhe daria um ensinamento. O Profeta observou que, com freqüência, surgiam defeitos, fossem eles de forma, tamanho ou firmeza. Quando isto ocorria, o oleiro fazia uma massa informe do pote que estava fazendo e recomeçava sua tarefa, a fim de transformar a matério num recipiente útil. Através daquele ato, Jeremias ficou abismado com a capacidade do oleiro controlar o barro. Sem desistir, ele trabalhava o material até moldá-lo conforme seu intento. O Profeta aprendeu que Deus também tem o controle sobre o seu povo e dirige os destinos de acordo com Seus Planos (Rm. 9.19,20; 11.34). O ensinamento que aprendemos através da visita de Jeremias à casa do oleiro é que Deus também não desiste de nós. Nenhum fracasso em nossas vidas pode ser fatal, ainda que soframos as conseqüências dos pecados. Homens de Deus falharam, tais como Abraão, Moisés, Davi, Jonas e Pedro, mesmo assim, o Senhor os transformou em vasos úteis para a Sua obra.

2. A SOBERANIA E AUTORIDADE DE DEUS
Deus está no comando de todas as coisas, pois sustenta todas elas pelo Seu poder. A Confissão de fé de Westminster diz que “Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece”. A Bíblia confirma esse ensinamento ao ensinar que nenhum dos Seus planos podem ser frustrados (Jo. 42.2), e que Ele pode fazer tudo o que Lhe agrada (Sl. 115.3; 135.6) e que ninguém é capaz de resistir à Sua mão (Dn. 4.35). Tudo se encontra debaixo do Seu comando, os reis da terra (Pv. 21.1; Ap. 19.16); os acontecimentos humanos (Dn. 2,7; 4.17; Is. 55.11), os anjos de Deus (Cl. 1.16; I Rs. 22; Jo. 1.6; 2.1; Ne. 9.6; Ap. 4.18), os anjos rebeldes (Ef. 1.21; Fp. 2.10; Is. 45.22,23; I Rs. 22.19-22), e o próprio Satanás (Jô. 1.6; 2.1; Ap. 20.2). Mas isso não dispensa a doutrina bíblica do livre-arbítrio, pois Deus, soberanamente, permite que o ser humano responda à Sua vontade. Quando a Bíblia trata a respeito da predestinação, aborda-a em seu sentido coletivo, tanto em relação à Israel quanto à igreja (Ef. 1.11-13). Deus pode chamar as pessoas individualmente para o ministério, mas, para a salvação, deixa que elas decidam se querem se arrepender e crer no Filho Unigênito (Lc. 13.3; Jo. 3.16-18; 6.29; 11.40; 12.36). Somente através da fé o ser humano pode experimentar a salvação providenciada por Deus (At. 16.31; 17.30; 20.21), e essa fé, ao contrário do que afirma alguns teólogos, é nossa e não de Deus (Hb. 11.6; Rm. 3.22; 4.11,24; 10.9,14; I Co. 1.21; Gl. 3.22; Ef. 1.16; I Ts. 1.7; 4.14; I Tm. 1.16; Lc. 7.50; Rm. 4.5; Mt. 9.2).

3. SUBMETENDO-SE À VONTADE DE DEUS
Cabe ao ser humano, pela fé, responder à vontade de Deus. Por isso, Paulo, em Rm. 12.1,2, diz: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. Em consonância com essa passagem, devemos lembrar que, “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm. 8.28). A realização da vontade de Deus na vida do cristão, portanto, não é simplesmente uma imposição religiosa. Ela é boa, agradável e perfeita, não apenas para Deus, mas também para aquele que a observa. Por isso, há circunstância que não entendemos os propósitos de Deus, já que os pensamentos dEle nem sempre são os nossos pensamentos (Is. 55.7-9). Por essa razão, conforme instruiu Paulo aos crentes de Roma, temos a convicção que Deus está no comando de todas as coisas, mesmo aquelas que fogem de toda e qualquer compreensão. Ele está trabalhando na vida daqueles que responderam ao sacrifício de Cristo pela fé. Seu propósito maior é moldar nosso caráter a fim de que alcancemos o padrão para o qual Ele nos escolheu. Portanto, “aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Fp. 1.6). Que o Sábio Oleiro trabalhe em nosso caráter, ainda que, para isso, tenhamos que passar por adversidades. Alegra-nos saber que Ele, em todas as circunstâncias, está conosco, e principalmente, não desistiu de cada um de nós.

CONCLUSÃO
Deus é soberano, Ele pode tudo, e sabe o que faz. As limitações humanas não são capazes de abarcar a grandeza de Deus. Mas esse Deus grandioso, soberanamente, quer se relacionar com os seres humanos. Para tanto, deu-nos o livre-arbítrio a fim de que encolhêssemos, entre segui-lo ou rejeitá-lo. Todos aqueles que se dobram perante a vontade de Deus descobrem, surpreendentemente, que esse é o melhor lugar para permanecer. A vontade de Deus, mesmo quando incompreendida, é sempre boa, agradável e perfeita.

BIBLIOGRAFIA
HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.
LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008.

Fonte: http://www.subsidioebd.blogspot.com/

sábado, 1 de maio de 2010

GRAVETOLATRIA OU GRAVETOMANIA?

GRAVETOLATRIA OU GRAVETOMANIA?


Antes de começar a escrever sobre isto, preciso dar uma definição pessoal de ambos os termos que intitulam este artigo. Evidentemente eles não existem na língua portuguesa, nem, que eu saiba, em outra língua qualquer... Tudo que sei é que isto veio à minha mente após algumas reflexões sobre algumas ocorrências relatadas por pessoas que tem como hábito freqüentar montes e lugares abertos para oração! As definições não são científicas ou teológicas, mas práticas, ou seja, numa linguagem coloquial:
GRAVETOLATRIA – Amor exagerado aos gravetos (neste caso, acesos ou incandescentes); apego à, ou veneração de.
GRAVETOMANIA – Mania de gravetos (neste caso, acesos ou incandescentes); mania de procurar por tais objetos em circunstâncias especiais, com reações especiais.

Particularmente, tenho muito prazer em orar em lugares diferentes e onde haja muita liberdade física. Gosto de participar de vigílias em chácaras, sítios, fazendas ou lugares abertos e ermos. Acho que há maior tranqüilidade e, consequentemente, maior possibilidade de concentração no ato de orar. Conta ainda, o fato de não incomodar vizinhos, visto que muitas igrejas estão localizadas em bairros residenciais e ladeadas por pessoas, que nem sempre professam a nossa fé, irritando-se com os barulhos gerados pelos cultos, principalmente quando estas são de confissão pentecostal.

Temos como grande exemplo disto o próprio Senhor Jesus que regularmente afastava-se dos grandes centros, dos lugares movimentados e da zona urbana, para ficar a sós com o Pai em oração.

Várias passagens bíblicas mostram-nos isto ocorrendo, inclusive com o mestre querendo afastar-se dos seus próprios discípulos para orar sozinho, mesmo que em várias outras circunstâncias costumasse orar juntamente com eles, como por exemplo, na noite de sua prisão e posterior julgamento (Mateus 26: 36-41). Você pode ainda conferir estes textos: Mateus 14: 23; Marcos 6: 46; Lucas 9: 29. Ainda há outras onde os apóstolos procederam da mesma forma. Portanto, retirar-se para orar, seja num monte ou mesmo numa planície, não é errado. Pelo contrário, pode ser bem melhor que orar num lugar onde teremos dificuldade de concentração e privacidade. O que ocorre, no entanto, é que, infelizmente, o hábito tem criado algumas distorções e interpretações equivocadas quanto ao propósito, ao método e aos efeitos deste tipo de prática de oração. Há os que acreditam que orar nos montes ou campos, torna a oração mais poderosa que dentro da igreja ou em seu próprio quarto, como também ensinou o Senhor Jesus: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará”. (Mateus 6: 6); outros acreditam que as manifestações de Deus tornar-se-ão mais evidentes em locais afastados e outros que Deus se agradará mais disto além de ouvir mais rapidamente, já que não há nenhuma barreira entre o céu e eles. No segundo grupo, estão aqueles que valorizam demasiadamente as manifestações físicas da oração. São estes que andam preocupados com um “fenômeno” muitas vezes relatado como sendo a manifestação da glória de Deus: o aparecimento de gravetos incandescentes.

Por diversas vezes ouvi de pessoas que participam deste tipo de oração, geralmente em grupo: “Ahhh, pastor, é tão grande o poder de Deus nestes lugares, que a gente vê gravetos acesos... Os gravetos pegam fogo mesmo! Se isto não é poder e glória de Deus, então o que é??!” Algumas destas pessoas (senão a maioria), tornam-se tão obcecadas pelos tais gravetos, que a reunião de oração onde isto não acontece não é considerada uma boa e abençoada reunião de oração. Conheço vários irmãos que freqüentam estes lugares unicamente interessados em presenciarem este tipo de “manifestação”. O pior, é que isto tem gerado polêmicas, entraves e discussões acaloradas sobre a autenticidade e legitimidade dos tais “gravetos acesos”! Já vi irmãos se aborrecerem uns com os outros a ponto de se tornarem inimigos dentro de uma mesma igreja em função do tema. Pessoalmente devo dizer que nunca vi tais manifestações, e, sinceramente, sem qualquer hipocrisia, não tenho nem um pouco de curiosidade ou desejo de ver, até porque isto nada acrescentaria à minha fé ou a minha crença no Todo-Poderoso. Para mim com graveto ou sem graveto, com milagre ou sem milagre... Deus continua sendo Deus! Não vejo (e digo isto com toda sinceridade) em que isto pode edificar as pessoas ou lhes trazer benefícios espirituais.

É verdade que vemos manifestações maravilhosas de Deus em toda a Bíblia Sagrada, mas também é verdade que temos poucos relatos de fatos semelhantes. Mesmo assim, em todas as situações havia propósitos específicos e grandiosos, para momentos especiais nas vidas dos profetas, sacerdotes e mesmo da nação de Israel ou da igreja. Para não tornar-me demasiadamente extenso e cansativo à leitura, citarei rapidamente alguns casos assim: No Antigo Testamento encontramos o caso de Moisés quando apascentava as ovelhas de seu sogro Jetro. Deus queria falar com ele de forma a motivá-lo para uma gigantesca obra de fé, ao pedir que tirasse o povo de Israel, do Egito. Então o Senhor aparece numa sarça ardente, um pequeno arbusto que queimava, mas não se consumia. Não me aterei às várias e possíveis explicações científicas para isto, porque creio genuinamente no que diz a Bíblia a respeito. Encontramos também a ocasião em que Moisés passara quarenta dias e quarenta noites no monte Horebe, e, quando desceu, seu rosto resplandecia a ponto de ter que cobri-lo com um véu para apresentar-se ao povo (aquí o povo precisava ver e crer que Moisés encontrara-se realmente com Deus). Outra vez encontramos Deus manifestando-se através do fogo quando Salomão inaugura o grande templo que havia construído para o Senhor em Jerusalém (o fogo era sinal de aprovação de uma casa para a qual todos deveriam dirigir-se para adorá-lo), e ainda podemos citar o caso do profeta Elias quando clamou e o Senhor consumiu com fogo o holocausto diante dos assustados profetas de Baal (o profeta mostrava que o responsável pela chuva e pela fertilidade da terra era o Deus de Israel e não Baal). No Novo Testamento, onde estas manifestações pouco aparecem, lembro o caso do Dia de Pentecostes quando foram vistas pelos poucos (em torno de 120) membros da recém fundada igreja neotestamentária, “línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles” (Atos 2: 3). Neste caso, era preciso confirmar a profecia de Joel, para a plena fundamentação da igreja como participante da era da graça com todos os dons espirituais à disposição! Temos antes disto, o episódio da transfiguração onde as vestes do Senhor Jesus resplandeceram enquanto orava com seus discípulos. Após estes casos, praticamente não encontramos relatos semelhantes na Bíblia. Não há nenhuma narrativa, nem sequer nos casos citados acima, de gravetos acesos ou incandescentes em orações particulares ou de grupos nas escrituras.

Concluímos, portanto, que não há nada de edificante ou benéfico para nós com os tais gravetos que se acendem. Quero, contudo, ressaltar que acredito sim que Deus possa fazer gravetos acenderem, aliás, creio que um dia Deus fará o planeta ser incendiado a ponto de ser transformado numa nova terra. Creio que Deus seja criativo a ponto de fazer coisas que não se limitam à Bíblia, mas jamais confundirão ou serão sem propósito! Todavia, não encontro respaldo bíblico algum para esta doutrina ou modismo, nem vejo qualquer milagre ocorrendo por conta disto. O que vejo são crentes tornando-se meninos na fé e extremamente arrogantes por acreditarem serem melhores que os outros ao verem este tipo de “manifestação”, com exceção, claro, de alguns. É bom lembrar: para toda regra, há exceção! Então aconselho: esteja atento para não tornar-se um “gravetólatra”, ou um “graveto maníaco”, procurando freqüentar reuniões de oração mais interessado nessas visões mirabolantes (embora - raramente - possam ser reais), que realmente em orar buscando comunhão com Criador, intercessão pelos santos, familiares, amigos e almas carentes de Cristo! Vale a recomendação ao apóstolo Paulo:

“Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” (I Coríntios 13: 11)

Vivamos a fé verdadeira naquele que tudo pode, porém sem direcionar esta fé em propósitos irracionais, emocionais ou fantasiosos, por mais reais que sejam as manifestações! Glória ao Deus, que é um fogo consumidor! (Pr. Jesiel Freitas)


quarta-feira, 28 de abril de 2010

Lição 5

O Poder da Intercessão

Objetivo: Mostrar aos alunos que orar é uma necessidade e interceder uma obrigação de todo crente.

INTRODUÇÃO
Estaremos, na aula de hoje, diante de um dos mais sublimes textos do livro do profeta Jeremias. Essa porção da Escritura alterna poesia e prosa, num diálogo vigoroso entre Deus e o profeta. No início da aula analisaremos a oração intercessória de Jeremias. Em seguida, trataremos a respeito da imediata resposta do Senhor. Ao final, compreenderemos alguns princípios cristãos para a prática da intercessão.

1. A INTERCESSÃO DE JEREMIAS
A desgraça assolaria, em breve, todo nação de Judá. Mesmo assim, o povo se negava a abandonar o pecado. Jeremias deseja interceder pelo povo, mas o Senhor, mais uma vez, adverte ao profeta da ineficácia da sua intercessão. Deus ignorará a intercessão do profeta porque o povo, premeditadamente, não se arrependerá. O Senhor acusa os falsos profetas por conduzirem Judá às falsas visões, adivinhações, vaidade e engano (Jr. 14.14). Tais falsários seriam os primeiros a sofrerem os julgamentos divinos quando a calamidade chegasse sobre a nação. Nos dias atuais, conforme nos antecipou o Senhor Jesus, existem muitos falsos profetas (Mt. 24.11; Mc. 13.22). De vez em quando aparece alguém que deseja se passar por Cristo. Dentro e fora das igrejas acumulam-se os falsos ensinadores, mestres que não atentam para a Palavra de Deus. A respeito deles, diz Judas em sua Epístola: “Estes são manchas em vossas festas de amor, banqueteando-se convosco, e apascentando-se a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas; Ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas abominações; estrelas errantes, para os quais está eternamente reservada a negrura das trevas” (v. 12,13). A filosofia da auto-ajuda tem favorecido o surgimento de vários profetas do engano. Dizem ao povo que tudo está bem, que podem encontrar saída por conta própria, e que não precisam de Deus. Ao invés de proclamarem arrependimento, induzem as pessoas a massagearem o ego, e a viverem distanciadas de Deus. Os profetas do Senhor, neste tempo, devem continuar intercedendo e pregando ao povo, conduzindo-os à sã doutrina (II Tm. 4.1-5).

2. A RESPOSTA IMEDIATA DO SENHOR
A doutrina da intercessão é bíblica e deve ser observada pela igreja. Na história de Israel, Deus ouviu a intercessão de Moisés e Samuel (Ex. 32.11-14; Nm. 14.13-24; Dt. 9.18-20; I Sm. 7.5-9; 12.19-25). No caso de Jeremias, porém, a resposta do Senhor foi negativa (Jr. 14.11; 7.16; 11.14). De nada adiantaria interceder por Judá, pois a morte, a espada, a fome e o cativeiro seria inevitável. Não porque o Senhor não desejasse, mas porque Ele sabia, pela Sua onisciência, que o povo não daria ouvidos às palavras do profeta. Mesmo a religiosidade judaica não seria capaz de deter o julgamento, pois tudo não passava de mera exterioridade. As orações, jejuns e sacrifícios serviam apenas para ocultar a ausência de temor a Deus. Em relação aos falsos profetas, se o povo tivesse conhecimento da Palavra de Deus, saberia que eles não traziam uma revelação do Senhor (Dt. 18.20-22; Jr. 13.1-18; Is. 8.20; II Ts. 2.7-12). A resposta negativa de Deus não é uma demonstração de rejeição ao Seu povo. A disciplina faz parte do processo instrutivo de Deus (Pv. 3.11-12; Hb. 12.6). Está na moda uma teologia que valoriza apenas o amor de Deus, transforma-o num vovô bonachão, que a ninguém castiga, esquecendo que Ele, além de amor (I Jo.4.8), é também fogo consumidor (Hb. 12.29) e que a Sua ira permanece sobre aqueles que não crêem em Cristo (Jo. 3.36). A falta de temor ao Senhor está construindo uma geração de cristãos insubmissos à Palavra de Deus. Como nos tempos em que não havia rei em Israel, cada um faz o que bem entende (Jz. 22.21), a ortodoxia está sendo substituída pela pura subjetividade, o experiencialismo chega a ter maior valor que a Escritura. Para essa geração, a resposta de Deus é não, pois o sim de Deus somente se encontra em Jesus Cristo, fora dele, tudo o mais é mera especulação humana (II Co. 1.20).

3. A PRÁTICA CRISTÃ DA INTERCESSÃO
Ainda que Deus tenha instruído Jeremias para que não intercedesse pelos judeus, essa, porém, deva ser uma prática rotineira entre os cristãos. Aquele, conforme destacamos anteriormente, tratou-se de uma revelação específica para o profeta. Em hebraico, o verbo palal tem o sentido de interceder, o encontramos em I Rs. 8, nesse capítulo Salomão utiliza essa palavra 20 vezes intercedendo pelo povo de Israel. Moisés intercedeu pelo povo de Israel e obteve resposta (Nm. 11.2; 21.7; Dt. 9.20; I Sm. 2.25). Samuel intercedeu pelos israelitas (I Sm. 7.5; 12.19,23), bem como Estradas (Ed. 10.1) e Daniel (Dn. 9.4). Em grego, o verbo interceder é entunchanõ e pode ser encontrado em At. 25.24. Paulo utiliza essa palavra a fim de ressaltar o ministério do Espírito a fim de responder às necessidades dos santos (Rm. 8.27). Cristo é o Exemplo Maior de Intercessor, pois, no Céu, intercede, perante Deus, em nosso favor (Rm. 8.34; Hb. 7.25). Paulo orienta a interceder - enteuxis - por todas as pessoas, apresentando-as perante Deus (I Ts. 2.1).

CONCLUSÃO
Os cristãos precisam exercitar a intercessão. Essa prática, na verdade, é uma demonstração de amor pelos outros. Quando orarmos, devemos lembrar apenas de nós mesmos, mas também daqueles que se encontram em situação de privação. Temos razões e pessoas por quem interceder: os missionários que se encontram distantes da sua pátria anunciando o evangelho de Cristo; os obreiros que amorosamente militam pela causa do evangelho; os políticos que governam para que ajam com sobriedade; as crianças abandonadas que perambulam pelas ruas; os encarcerados que pagam suas infrações perante a lei; os enfermos que agonizam nas filas dos hospitais. Todos esses, e alguns outros mais, carecem das nossas intercessões. Devemos orar, mas também agir quando for necessário, suprindo, visitando e cobrando atuações justas.

BIBLIOGRAFIA
HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.
LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008.

Fonte: http://www.subsidioebd.blogspot.com/

Lição 4

CHORANDO AOS PÉS DO SENHOR

Objetivo: Ressaltar que somente o quebrantamento, demonstrando em choro aos pés do Senhor, pode trazer um grande e singular avivamento.

INTRODUÇÃO
Jeremias é um profeta que sente as dores do seu povo. A mensagem de julgamento não o insensibiliza. Uma demonstração dessa sensibilidade profético-espiritual se encontra no capítulo que estudaremos na aula de hoje. Ele se derrama em lágrimas por causa da corrupção espiritual de Judá. Que essa aula sirva para despertar a igreja do Senhor para buscá-LO, em lágrimas, pranteando pelos pecados do povo, e pelos nossos próprios pecados.

1. O CHORO DE JEREMIAS
Essa é uma passagem comovente das Escrituras na qual Jeremias pranteia pelos pecados do povo. Ele prefere viver no deserto a ver as coisas degradantes que acontecem na cidade, mas ele havia sido chamado para permanecer ali e anunciar com ousadia a Palavra de Deus (Jr. 40.6). O profeta descreve os pecados das pessoas nos seguintes termos: “como um arco eles curvam a sua língua; falsidade é o seu arco. Eles foram bem sucedidos na terra, mas não no interesse da verdade. Vão de um mal a outro…”. Eis aqui mais uma demonstração de que prosperidade material nada tem a ver com espiritualidade. Por ser o povo escolhido por Deus (Ex. 19.4-6), Judá achava que o culto ritual seria suficiente para não passar por qualquer ameaça inimiga. Ao invés de atentarem para a responsabilidade da escolha, o povo vivia em ostentação e vanglória. Nós, os cristãos, não podemos esquecer que a justificação não nos isenta da responsabilidade para a santidade (Rm. 6.1-2). O arrependimento, para Judá, era dispensável, tanto João Batista (Mt. 3.7-10), quando Jesus (Jo. 8.33) e Paulo (Rm. 2-4) passaram por essa resistência, não será diferente conosco. Como Jesus, em Lc. 19.41 e Paulo, em Rm. 9.1-5, Jeremias chorou devido a condição espiritual do seu povo. Será que ainda existem pregadores que choram pelas almas perdidas? Existem lágrimas nos olhos dos pecadores, daqueles que sofrem nas mais diversas circunstâncias, mas onde estão as lágrimas das igrejas? O culto ao entretenimento também está invadindo muitas igrejas, os cristãos deixaram de considerar as sábias recomendações de Tiago: “Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza” (Tg. 4.9).

2. A CALAMIDADE DE JUDÁ
A calamidade que sobrevirá sobre Judá causa emoções fortes em Jeremias. Ele consegue descrever a destruição da nação em cores vivas, destacando que as pastagens do deserto ficarão assoladas, onde antes o gado pastava (Ex. 3.1) e por onde vagavam aves e animais (4.25). Não muito em breve se encontraria apenas chacais em meio às ruínas em virtude da decadência espiritual (Jr. 9.7). Isso aconteceria porque o povo, em sua teimosia, não queria dar ouvidos à mensagem profética. Jeremias, corajosamente, denuncia a maldade dos pais que encorajam seus filhos a pecar, resultando em castigo (Ex. 20.5). Somente através do arrependimento e do reconhecimento da misericórdia e justiça de Deus o povo estaria seguro (I Co. 1.31; II Co. 10.17). O legalismo pode levar os cristãos à mesma situação. Como os crentes da Galácia, há quem despreze a verdade do evangelho pelas práticas religiosas (Gl. 1.7-9). A salvação não é pelas obras, mas pela graça, por meio da fé, não pelas obras para que ninguém se glorie (Ef. 2.8,9). Ainda que, já salvos, precisamos andar na luz, nas boas obras, para as quais fomos feitos no Senhor (Ef. 2.10). As boas obras do cristão são realizadas por meio do fruto do Espírito (Gl. 5.22). O fundamento é o amor, por meio do qual demonstramos que estamos verdadeiramente em Cristo (I Co. 13). A igreja cristã deva cultivar o amor, sem qual é impossível que haja unidade (Ef. 4.3). Em nossos dias, as pessoas não têm coragem de amar porque não têm coragem de sacrificarem-se (Jo. 3.16; I Jo. 3.16).

3. AOS PÉS DO SENHOR
Nos versículos 23 e 24 de Jeremias 9 está escrito: “Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor”. Nestes versículos, encontramos os maiores valores dos tempos de Jeremias, ainda cultuados na sociedade moderna: conhecimento, poder e riqueza. Mas Deus não olha para uma nação atentando para a imponência das suas universidades, influência política ou armamentista ou seu desenvolvimento econômico. O interesse de Deus é que as pessoas se prostrem aos seus pés, que ajam com justiça, que demonstrem genuíno amor. É chegada a hora dessa nação se voltar para o Senhor nosso Deus. A educação é necessária ao futuro do país, mas não devemos buscar apenas um ensino com vistas à competitividade. É preciso que a educação invista na melhoria das vidas das pessoas, sobretudo com vistas à solidariedade, na diminuição das desigualdades sociais, na preservação do meio ambiente. A democracia é uma conquista que precisa ser preservada, mas pouco será feito enquanto os políticos não forem capazes de ter um espírito público, de buscarem o bem da nação e não o enriquecimento ilícito, a fim de satisfazerem interesses egoístas. A riqueza também precisa deixar de ser o valor máximo da sociedade contemporânea, o mercado não pode ser tratado como se fosse um deus. Enquanto estivermos dobrados aos pés de Mamon, será pouco provável que descubramos o valor de estar aos pés do Senhor. A maior glória que alguém pode buscar, em todo tempo, é a de servir a Cristo, e reconhecer que, nEle, somente nEle, encontramos a plenitude da vida. Quando isso acontecer, o conhecimento, o poder e a riqueza deixarão de ser o alvo neurótico da existência.

CONCLUSÃO
Quantos ainda estão dispostos a derramar suas lágrimas aos pés do Senhor pela nação? Infelizmente são poucos que ainda têm alguma sensibilidade espiritual. Estamos tão anestesiados pela competitividade e pela ambição que não conseguimos nos voltar para o próximo. O Senhor nos convida, neste tempo, a sentir a miséria do povo, a prantear por aqueles que se encontram distanciados da Palavra de Deus. A igreja tem um papel fundamental nesses últimos dias, e, cada cristão, precisa sentir-se responsabilizado e imbuído da tarefa profética de denunciar o pecado e conduzir o povo de volta aos caminhos do Senhor.

BIBLIOGRAFIA
HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.
LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008.

Fonte: http://www.subsidioebd.blogspot.com/

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Lição 3

ANUNCIANDO OUSADAMENTE A PALAVRA DE DEUS

Objetivo: Ressaltar o valor da Palavra de Deus que deva ser proclamada ousadamente aos crentes e incrédulos.

INTRODUÇÃO
O povo de Judá ia de encontro a Palavra de Deus porque depositavam toda confiança no Templo. Em oposição, Jeremias anuncia ousadamente a Palavra de Deus, ressaltando seu valor e cumprimento. Na lição de hoje, estudaremos, inicialmente, sobre a templolatria nos dias de Jeremias; em seguida, as advertências feitas pelo profeta, e, ao final, a importância do anuncio ousado da Palavra de Deus.

1. ADORAÇÃO AO TEMPLO
Para os judeus, o Templo era sacrossanto, a Casa de Deus, por isso, dificilmente seria alvo dos inimigos. Ao invés de confiar no Deus do Templo, fiavam a fé no Templo de Deus. Por causa disso, o Senhor conclama-o, através do profeta Jeremias, a emendar os caminhos e as obras (v. 3), e, ao invés de adorar o templo, deveriam confiar na Sua palavra (v. 2). O templo se tornou numa espécie de amuleto, que os livraria do mal, das ameaças dos inimigos. O povo judeu, como alguns cristãos hoje, esquecem que Deus prima por pessoas vivas para serem Seu templo (Is. 57.15; 61.1; I Co. 3.16). Jesus, ao ser indagado pela samaritana sobre o lugar da adoração, respondeu que o Senhor busca para Si adoradores, que o adorem em Espírito e em Verdade (Jo. 4.24). Não há mais lugar, na doutrina evangélica, para demarcação de espaços físicos para a adoração a Deus. Os templos são importantes e necessários à acomodação dos cristãos, para o ensino da Palavra e oração, mas não podem ser objeto de adoração. Quando isso aconteceu, entre os judeus, o Senhor os advertiu que, do mesmo modo que aconteceu com a arca, esse também seria destruído (Sl. 78.60). A oração de dedicação do Templo, de Salomão, em I Rs. 8, antecipava os judeus, para que não depositassem a fé no Templo, mas no Senhor, que não habita em templos feitos por mãos de homens. Qualquer igreja que privilegia, demasiadamente, o Templo, e esquece de proclamar ousadamente a Palavra de Deus, corre o risco de passar pela experiência do Icabode, isto é, de perder a glória do Senhor (I Sm. 4.21).

2. A ADVERTÊNCIA DO SENHOR
Havia, em Judá, uma espécie de sincretismo religioso com o qual o povo convivia naturalmente. Jovens e adultos adoravam a rainha dos céus, a deusa assírio-babilônica Istar. Ao mesmo tempo, prestavam rituais judaicos, destituídos de valor espiritual, por causa da desobediência do povo. O culto a Deus não pode ser misturado, desde o Sinai o Senhor exigiu de Israel exclusividade. Mas o pecado de Judá era tão deliberado que o Senhor orientou a Jeremias, por três vezes (7.16; 11.4; 14.11), para que não orasse por aquele povo. A idolatria de Judá tomou um caráter familiar, maridos, mulheres e filhos seguiam após os falsos deuses (Jr. 7.17-19). Quando a desobediência entra na família, dificilmente os demais membros deixam de ser afetados. As conseqüências do adultério – o culto a deusa do sexo – traz seqüelas para toda a família. A entronização do sexo na sociedade moderna está causando severos danos às famílias. Os jovens estão se iniciando irresponsavelmente cada vez mais cedo no sexo. O número de mães solteiras implica em problemas tanto de ordem espiritual quanto social. Os relacionamentos sexuais descartáveis estão objetificando as pessoas, de modo que as pessoas não mais cultivam relacionamentos duradouros, apenas “ficam”. Os casamentos deixam de ser motivados enquanto instituição divina, e, em alguns casos, deixam de ser “até que a morte os separe”. A palavra amor perdeu o sentido próprio de sacrifício e foi reduzida ao ato sexual. Mesmo entre cristãos se observa a indisposição para o sacrifício no relacionamento familiar, pois a busca pelo prazer tornou-se a única razão de ser do casamento. As pessoas não querem mais se casar para conviver “na alegria e na tristeza, na saúde e na dor”. O desafio do cristão, em meio a toda essa apostasia, é o de viver em santidade, a investir no amor genuíno – ágape – que tem sua expressão maior em Deus que deu Seu Filho Unigênito pelos pecados de todo aquele que crê (Jo. 3.16).

3. ANUNCIANDO A PALAVRA
A saída para todo esse imbróglio no qual a sociedade se encontra é retornar à Palavra de Deus. Os valores eternos revelados na Sagrada Escritura precisam novamente ser relembrados. Cabe a igreja proclamar o Evangelho de Jesus Cristo a fim de que descrentes, e mesmo os crentes, não percam o norte espiritual. Os pregadores devam se ater ao texto bíblico, pregando-o expositivamente, a fim de evitar conduzirem sua mensagem conforme seus interesses pessoais. A própria igreja precisa tomar consciência de que é serva e não senhora da Palavra. Por isso, deve estar disposta a ser avaliada continuamente à luz da Escritura. A experiência, a razão e a tradição têm o devido lugar na igreja, mas essas estão submissas à Palavra de Deus. Uma igreja centrada na experiência tende ao fanatismo, voltada para exclusivamente para a razão, finda em liberalismo teológico, e fundamentada na tradição, resulta em religiosidade humana. Somente uma igreja respaldada na Bíblia pode ser ousada no anúncio da Palavra de Deus. Um culto genuinamente evangélico não exacerba nos cânticos em detrimento do ensinamento bíblico. Infelizmente, o que se observa em determinadas igrejas é um verdadeiro descaso em relação à Bíblia. Os dirigentes de culto deixam o mínimo de tempo reservado para a pregação e o ensino. O povo, que outrora ouvia com atenção a mensagem, está agora viciando em cultos que mais parecem programas de auditório, repletos de entretenimento e acrobacias “evangélicas”. É chegado o momento de retornar à Palavra de Deus, de resgatar a exposição bíblica, outrora observada pelos pregadores evangélicos. Somente uma igreja que está atenta às Palavras do Evangelho de Jesus Cristo pode, verdadeiramente, se dizer evangélica, caso contrário, não passa de tradição humana, e, portanto, recebe o anátema de Deus (Gl. 1.9).

CONCLUSÃO
O cristianismo evangélico sofre fortes ameaças nesses últimos dias. A Palavra de Deus está sendo relegada a segundo plano. O culto cristão está repleto de atividades que visam o entretenimento, mas não consideram a exposição bíblica. Oremos ao Senhor da seara para que levante uma legião de pregadores comprometidos com o Evangelho. Que não façam concessões com a Verdade, e que não se dobrem à mera razão, tradição e/ou experiência. Esse é o desafio profético da igreja brasileira nestes últimos dias, os quais as pessoas procuram para si mestres conforme seus interesses, tendo comichão nos ouvidos para não ouvir a Palavra de Deus (II Tm. 4.1-4).

BIBLIOGRAFIA
HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.
LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008.

FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Lição 2

OS PERIGOS DO DESVIO ESPIRITUAL

Objetivo: Destacar que não podemos compactuar com a apostasia, para que não venhamos a perecer em nossos pecados.

INTRODUÇÃO
Na aula de hoje, estudaremos a respeito do desvio espiritual de Israel. O povo de Judá deu as costas para o Deus que graciosamente o escolheu. Inicialmente, trataremos sobre o antigo amor de Israel pelo Senhor. Em seguida, enfocaremos o desvio espiritual desse povo, e, ao final, as conseqüências do distanciamento do Senhor. Esperamos que essa lição sirva de despertamento para aqueles que se encontram em situação de perigo, distanciados dos caminhos do Senhor, mesmo que tenham algum vínculo religioso.

1. O AMOR ANTIGO DE ISRAEL
Judá esqueceu do seu primeiro amor e é questionado pelo Senhor: Que injustiça acharam vossos pais em mim? (Jr. 2.4,5). Em seguida, responsabiliza os sacerdotes, que se corromperam e não ensinaram a Torá ao povo; aos governantes, os quais, seguindo o caminho dos sacerdotes, também se corromperam, e os falsos profetas, que, ao invés de buscarem ao Senhor, se envolveram com Baal, o deus cananeu da fertilidade (Jr. 2.8). O Senhor compara seu relacionamento com Judá a de um esposo traído, já que, no princípio, Israel se voltou para Deus, mas, posteriormente, seguiu seu próprio caminho, tornando-se adúltera (Jr. 31.32; Is. 54.5; Os. 2.16). A nação rompeu o relacionamento antigo de amor entre Deus e Israel. Preferiu ir após ídolos estranhos, trocando o Manancial de Águas por cisternas rotas. Por analogia, para a igreja, Jesus é a água da vida, todos os que O recebem experimentam da fonte que jorra para a vida eterna (Jo. 4.10-14; Ap. 21.6). Lembramos que, na Palestina, a água é uma possessão de valor singular, por esse motivo, seria uma loucura tomar tal atitude. É uma pena que, nestes dias, algumas igrejas estejam fazendo o mesmo. Substituem o Manancial de Vida por Cisterna Rotas que para nada servem. A espiritualidade genuína está sendo trocada pelo mero tarefismo religioso; o poder do Espírito Santo está sendo usurpado por barganhas políticas; a vocação ministerial fora transformada em profissionalização eclesiástica; e a o pastorado cristão, fundamentado no amor, conduzido via técnicas insensíveis de administração empresarial.

2. O DESVIO ESPIRITUAL DE ISRAEL
Em Jr. 2.17 encontramos a causa dos desvios espirituais de Israel, pois a desobediência do povo tornou-se intencional, a nação optou pela idolatria, do mesmo modo, os cristãos, hoje, devem buscar a retidão, para não seguir o mesmo caminho, especialmente os obreiros (I Tm. 6.11; II Tm. 2.22). Ao invés de se voltar para o Senhor, o Manancial de Águas, Judá busca subterfúgios políticos, indo após o Egito (Jr. 2.18; Is. 30.15). O cristão, ao longo do trajeto, pode ser tentado a retornar ao mundo. Mas isso se constitui num perigo espiritual, que incorre em apostasia (Hb. 6.4-6). As alianças com as nações vizinhas, na tentativa de escapar do julgamento divino, que viria através dos babilônicos, somente agravaria a situação. Ao longo da história de Israel, quando o povo se aliou aos povos vizinhos, acabou perdendo sua identidade, e se distanciado do Senhor. Na história da cristandade aconteceu o mesmo, basta citar, como exemplo, a constatinização da igreja que, ao se romanizar, acatou práticas pagãs do império, desviando-se, assim, da Palavra de Deus. Nos tempos de Jeremias, o contato direto com os cananeus afetou diretamente a espiritualidade judaica. A adoração a Baal se tornou uma prática tão comum que os judeus assumiram o culto a essa divindade como se fosse algo normal (Jr. 2.20). Jeremias responsabiliza, mais uma vez, os sacerdotes, os governantes, os pastores e os profetas por serem coniventes com a religiosidade pagã, adotada pelo povo (Jr. 2.26,27).

3. A CONSEQUÊNCIA DO DESVIO ESPIRITUAL
Como conseqüência desse desvio espiritual, Jeremias pronunciou palavras de julgamento (Jr. 2.31). Isso porque ao invés de se arrependerem e confessarem seus pecados, as pessoas rejeitaram a mensagem profética (Jr. 5.3). O Senhor lembra a sua esposa quão ricamente Ele a havia abençoado, ainda que essa agisse com atitudes rebeldes (Jr. 2.29) e O esquecido (Jr. 2.32) e mentido para Ele, dizendo ser inocente (Jr. 2.33-35). Por causa da prosperidade econômica que a nação estava usufruindo, os judeus achavam que estavam sendo abençoados por Deus. Há hoje os que confundem prosperidade financeira com benção espiritual. Na verdade, o que mais acontece é justamente o contrário, pois quanto mais próspera costuma ser uma nação, mais materialista essa se torna. Com o acúmulo de bens, o ser humano apenas tenta preencher um vazio que somente pode ser satisfeito por Deus. A Teologia da Ganância - que alguns denominam de Teologia da Prosperidade – favorece, inclusive, uma espiritualização das riquezas. As conseqüências começam já a ser percebidas na igreja evangélica mundial. A vasta maioria das igrejas que acatou tal doutrina, ainda que sejam financeiramente prósperas, perderam a genuína espiritualidade. Transformaram seus cultos em parque de diversão e os púlpitos em palcos, substituíram a pregação da Palavra e a verdadeira adoração por tristemunhos de “artistas” e acrobacias “espetaculares”, em suma, trocaram o Manancial de Águas por Cisternas Rotas.

CONCLUSÃO
Mas ainda há tempo pra se voltar para Água da Vida (Jo. 4.10-14). Somente Jesus satisfaz completamente a existência humana e oferece liberdade plena (Jo. 8.32), principalmente do deus mamom, outrora denunciado por Jesus (Mt. 6.19-24) e por Paulo (I Tm. 6.3-10) perante o qual muitos têm se prostrado nestes dias. A mensagem do Senhor para a igreja de Éfeso se aplica às igrejas evangélicas que se desviaram dos caminhos do Senhor. Em algumas delas, a ostentação das riquezas para nada servem, senão para ocultar a falta de espiritualidade. Para essas, a Palavra do Senhor é: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres (Ap. 2.4,5).

BIBLIOGRAFIA
HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.
LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008.
 
Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com

Lição 1

JEREMIAS, O PROFETA DA ESPERANÇA
Objetivo: Mostrar que a missão do homem e da mulher de Deus é inegociável. Por serem chamados para cuidar dos interesses do Senhor, não podem se eximir da proclamação da Palavra, fazendo-o com dedicação e coragem.

INTRODUÇÃO
Nas próximas 13 semanas estudaremos a mensagem profética de Jeremias. Numa época marcada pelo desespero, Jeremias se revela, mesmo em meio ao caos, como o profeta da esperança. As lições serão as seguintes: 1) Jeremias, o profeta da esperança; 2) os perigos do desvio espiritual; 3) anunciando ousadamente a Palavra de Deus; 4) chorando aos pés do Senhor; 5) o poder da intercessão; 6) a soberania e a autoridade de Deus; 7) o cuidado com as ovelhas; 8) o poder da berdadeira profecia; 9) esperando contra a esperança; 10) o valor da temperança; 11) a excelência do ministério; 120 a opção pelo povo de Deus; e 13) esperança na lamentação. Na lição de hoje, trataremos a respeito da vocação do profeta Jeremias.

1. JEREMIAS, O LIVRO E O PROFETA
O livro de Jememias, cujo nome significa “O Senhor é Alto”, tem como tema central: a mensagem de arrependimento e retorno para o Senhor antes que o julgamento chegue. O versículo-chave se encontra em Jr. 3.22: “Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões. Eis-nos aqui, vimos a ti; porque tu és o Senhor nosso Deus”. Ele exerceu o ministério profético entre os anos 626 a 586 a.C. Ele nasceu em Ananote, a uns cinco quilômetros, à nordeste de Jerusalém, numa família de sacerdotes. Seu livro é composto por uma coletânea de sermões pregados durante 20 anos. Como os demais profetas bíblicos, Jeremias experimentou a impopularidade em toda a sua intensidade. A mensagem de Jeremias é dramática, repletas de denuncias contra o pecado e advertências quanto ao juízo iminente. O livro não contém uma estrutura lógica, por isso, é difícil sistematiza-lo. Na tentativa de esboçá-lo, apontamos: A missão de Jeremias (1-10), a violação da aliança (11-20), a aproximação do julgamento (27-29), a nova aliança (30-33) e a queda de Jerusalém (34-42). Esse é um livro extramente pessoal, pois nele Jeremias relata sua experiência profunda com o Senhor. Jeremias é um profeta malvisto tanto pelo poder religioso quanto político da sua época. Por esse motivo, os poderosos articularem, sem sucesso, várias estratégias a fim de desqualificá-lo enquanto profeta do Senhor.

2. A VOCAÇÃO PROFÉTICA DE JEREMIAS
Ainda na juventude, por volta dos 16 a 20 anos, Jeremias foi chamado pelo Senhor para profetizar. Ele vinha de uma família sacerdotal, seu próprio pai, Hilquias, havia sido sacerdote (Jr. 1.1). Esperava-se que Jeremias, seguindo essa linhagem, também viesse servir diante do altar. Mas o Senhor o chamou para ser profeta, e provavelmente, Jeremias sabia da responsabilidade imposta, por isso, evitou acatar essa vocação de imediato. Ser sacerdote é bem mais cômodo do que ser profeta. O ministério sacerdotal costuma ser previsível, pois o sacerdote precisa apenas cumprir os rituais do culto. Mas o profeta jamais sabe o que o Senhor vai colocar na sua boca, o que terá de anunciar. O sacerdote costuma estar preocupado com o passado, para que as tradições sejam preservadas. O profeta, por sua vez, se volta para o futuro, a fim de conduzir o povo para a direção correta. O sacerdote costuma se voltar para as práticas exteriores, enquanto que o profeta se dedica a levar o povo à transformação interna, das intenções do coração. O profeta, como aconteceu com Jeremias, não fala de si mesmo, mas da Palavra do Senhor que a ele vem (Jr. 1.2). O Senhor testemunhou que o havia escolhido ainda no ventre da sua mãe (v. 5) para o ministério profético. Por isso, ainda que ele relutasse (v. 6,7), não havia outra opção senão dobrar-se perante a Palavra do Senhor. Jeremias estava temeroso por causa da responsabilidade profética, o Senhor, contudo, o advertiu para que não tivesse medo. Esse sentimento pode levar as pessoas a deixarem de assumir as atitudes necessárias. Quantas pessoas não ficam paralizadas devido ao medo de que algo de mal venha a acontecer? Não temas Jeremias, disse o Senhor ao profeta. Essa mesma mensagem se aplica aos cristãos temerosos de hoje, que hesitam em se posicionar em conformidade com a Palavra de Deus, com receio de serem politicamente incorretos.

3. A POSTURA PROFÉTICA DE JEREMIAS
O Senhor se dirigiu Jeremias do mesmo modo que o fez com Josué (Dt. 31.6-8; Js. 1.6-9), anulando seu medo paralizante (Jr. 1.17-19). Esse receio é destruído por meio da fé, sem qual ninguém se posicionar profeticamente, o que também se constitui em pecado (Rm. 14.23). O cristão recebe, do Senhor, a direção para que permaneça firme (Ef. 6.14). Deus prometeu estar presente com ele em todas as circunstâncias, mesmo diante das mais adversas (Jr. 1.8). A vitória espiritual, portanto, não vem do homem, mas de Deus. Não podemos alegar limitações pessoais para desempenhar o ministério profético (Jr. 1.19). Sendo assim, o profeta deveria cingir os seus lombos, dispor-se e dizer ao povo tudo o que o Senhor lhe mandasse (Jr. 1.17). Deus dá, então, uma visão ao profeta a fim de fundamentar sua fé. Ele pergunta: “Que é que vês, Jeremias? E eu disse: Vejo uma vara de amendoeira. E disse-me o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la”. Deus faz um jogo de palavras, pois, em hebraico, amendoeira é “saqued”, já que responde com “soqued”, que significa “velar”, dizendo, “eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la” (Jr. 1.11,12). A postura profética da igreja não se encontra nos méritos humanos, na verdade, apesar das suas limitações, ela é coluna e baluarte da verdade (I Tm. 3.15). Por isso, diante das oposições, sejam elas religiosas ou políticas, cabe a esta, a tarefa de denunciar, com amor, as práticas que se opõem à Palavra de Deus.

CONCLUSÃO
Jeremias é o profeta da Esperança e figura o papel da igreja cristã no contexto moderno. A sociedade contemporânea perdeu o norte, não sabe mais para onde está caminhando. Por desconhecer ao Deus Vivo e Verdadeiro, segue a esmo, tomada pela angústia. Mas ainda há esperança, e essa se encontra no Senhor, que se revela em Sua palavra. Somente assim “há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos” (Jó. 14.17). Cientes dessa verdade, nós, os cristãos, não podemos viver como os demais, que não têm esperança (I Ts. 2.16).

BIBLIOGRAFIA
HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações. São Paulo: Vida Nova, 1980.
LONGMAN III, T. Jeremiah & Lamentations. Peabody, Mass: Hendrickson, 2008.
Fonte: http://www.subsidioebd.blogspot.com/

terça-feira, 23 de março de 2010

Lição 13

SOLENES ADVERTÊNCIAS PASTORAIS

Objetivo: Mostrar que uma das responsabilidades pastorais é disciplinar a igreja com amor, a fim de que esta se desenvolva espiritualmente sadia.

INTRODUÇÃO
Na aula de hoje, trataremos a respeito da intenção de Paulo de visitar Corinto. Para essa visita, ele ameaça tomar providências disciplinares contra aqueles que se opõem ao evangelho de Cristo. Em seguida, discorreremos sobre algumas advertências e saudações do Apóstolo para os coríntios. Ao final, meditaremos a respeito da benção apostólica, destacando seu valor para a igreja.

1. PROVIDÊNCIAS DISCIPLINARES
Paulo pretende visitar os coríntios pela terceira vez, e, como conseqüência desta, tomará as medidas disciplinares cabíveis contra aqueles que se opõem ao evangelho de Cristo (Mt. 18.16). Para tanto, apelará para as testemunhas a fim de consolidar sua reprimenda contra os falsos líderes (II Co. 13.1; Dt. 19.15; Jo. 8.17; I Tm. 5.19; Hb. 10.28; I Jo. 5.8). O Apóstolo objetiva, com este aviso, provocar mudanças no comportamento dos seus ofensores. Na carta severa, escrita por Paulo anteriormente, ele já havia dito, e agora, repete, que não os poupará quando chegar a Corinto (II Co. 12.2). Ele diz também que vai prover as provas necessárias contra aqueles que descredenciam seu ministério. Paulo assume que Cristo havia operando entre os coríntios, por meio dEle, realizados sinais que reforçavam seu apostolado (II Co. 12.3,12; Rm. 15.18,19). Aqueles que querem transformar o evangelho numa ostentação de poder, de riqueza e sabedoria, precisam saber que Cristo foi crucificado em fraqueza. Do mesmo modo, os obreiros do Senhor, ainda que fracos, viverão com Ele, pelo poder de Deus (II Co. 13.4). Consoante ao exposto, os obreiros devem avaliar se de fato estão na fé, ou se estão apenas servindo a si mesmos. Há obreiros que estão diante das igrejas, mas que não têm compromisso têm com o senhorio de Cristo. Quando forem avaliados por Deus, na eternidade, serão reprovados (II Co. 13.5). Mas Paulo sabe a quem está servindo, e tem as motivações corretas. Ele espera que os coríntios reconheçam essa verdade, pois sua posição espiritual comprova que seu apostolado é genuíno. Embora não tivesse uma aparência atrativa, como os líderes opositores, ele sabe que é aprovado pelo Senhor (II Co. 13.7). A reprovação dos falsos obreiros, contra Paulo, não estava fundamentada em critérios espirituais. Ainda hoje, quem está na verdade nada tem a temer, pois nada podemos contra a verdade, que é o evangelho, senão em favor da própria verdade (II Co. 13.8). O poder de Deus, conforme revelou o Senhor ao Apóstolo, através do espinho na carne, se manifesta na fraqueza (II Co. 12.7-10; 13.8,9). Por esse motivo, seu objetivo maior, nessa epístola, não é a destruição dos crentes, mas evitar que, em sua futura visita, fosse necessário usar de rigor, segundo a autoridade que o Senhor lhe conferiu (II Co. 13.10). Verdadeiramente, uma igreja instruída na Palavra de Deus, dá menos trabalho para o seu obreiro.

2. ADVERTÊNCIAS E SAUDAÇÕES
Paulo conclui sua Segunda Epístola aos Coríntios com uma série de exortações e saudações. A princípio, saúda aos irmãos, desejando-lhes que se alegrem no Senhor. Ao rejeitarem o falso evangelho, os crentes poderiam, então, aperfeiçoarem-se e consolarem-se, e, principalmente, viver em paz, pois o Deus de amor e paz estaria com eles (II Co. 13.11). Recomenda também que os irmãos saúdem-se uns aos outros com ósculo santo, isto é, com um beijo. Essa era (e ainda é) uma saudação comum entre os povos daquela região. O diferencial estava na qualidade desse ósculo, que não deveria ter qualquer conotação sexual, mas um tratamento de santidade (II Co. 13.12). As saudações cristãs não podem ser fingidas, por isso, mesmo “a paz do Senhor”, precisa partir do íntimo de um coração moldado pelo evangelho de Cristo. Somente assim é possível desfrutar da verdadeira paz, aquela proveniente do fruto do Espírito, prometida por Jesus, e que o mundo não conhece (Gl. 5.22; Jo.14.27). Essa paz de Deus, que excede a todo e qualquer entendimento, deva ser cultiva pelos membros da igreja do Senhor (Ef. 2.14-17; 4.3).

3. A BENÇÃO APOSTÓLICA
Para concluir a Epístola, Paulo impetra, sobre os seus leitores (ouvintes), uma benção. Essa é digna de atenção especial por causa da sua formula tríplice, aludindo, diretamente, ao Pai, o Filho e ao Espírito Santo, que são mencionados explicitamente. A graça do Senhor Jesus Cristo, isto é o favor imerecido de Deus em prol dos pecadores; o amor de Deus, o qual nos reconciliou por intermédio de Cristo a fim de que pudéssemos viver em Paz; e a comunhão do Espírito Santo, a koinonia, a participação do Espírito seja desfrutada por todos os membros, para a unidade da igreja.

CONCLUSÃO
Chegamos ao final de mais um trimestre da Escola Bíblica Dominical. A CPAD nos brindou, mais uma vez, com uma série de lições expositivas, que favorecem o estudo integral e contextualizado de um livro bíblico. No próximo trimestre, nos voltaremos para o Jeremias. A mensagem deste profeta tem muito a nos dizer nos dias de hoje, aguardamos, com temor e tremor, o início do próximo trimestre, e que o Senhor seja conosco, professores da EBD, na ministração das lições aos nossos alunos.

BIBLIOGRAFIA
HORTON, S. I e II Coríntios. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
KRUSE, C. II Coríntios: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999.


Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com