terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Lição 5

TESOURO EM VASOS DE BARRO

Objetivo: Mostrar que ainda que sejamos frágeis, Deus nos usa para proclamar as Boas Novas, dando-nos o poder para realizar Sua obra.

INTRODUÇÃO
Conforme estudamos na lição anterior, a glória do ministério cristão não repousa nos atributos pessoais, mas em Deus, que, em Cristo, realiza, em nós, Sua obra em misericórdia. Na aula de hoje atentaremos para a conduta do ministério de Paulo, a fragilidade e o conteúdo dos vasos de barros, e finalmente, da glorificação final desses vasos. Veremos que o Senhor decidiu, soberanamente, concretizar seus propósitos através de vasos frágeis, os quais, paradoxalmente, conduzem um conteúdo precioso.

1. MENSAGEM: TESOURO EM VASOS
Paulo está ciente que o ministério cristão é realizado segundo a misericórdia de Deus (II Co. 4.1). É válido ressaltar que outrora o Apóstolo fora um perseguidor da Igreja de Deus (I Co. 15.9,10; I Tm. 1.12-16). Paulo afirma que não se utiliza de argumentos astuciosos (sutilezas, truques), nem tem a mínima pretensão de adulterar a palavra de Deus (II Co. 4.2) como fez a serpente quando enganou Eva (II Co. 11.3,14,15; 12.6). Sua conduta ministerial é pautada na convicção da presença de Deus, pois é Ele quem julga os atos do obreiro (I Co. 4.3,4). Depreendemos de II Co. 4.3,4 que os opositores de Paulo criticavam-no, dizendo que ele não se fazia compreendido. O Apóstolo defende-se argumentando que o problema não está no encobrimento da mensagem, mas na cegueira promovida por satanás, o deus-deste-século, fazendo com que os incrédulos não compreendam a mensagem (II Co. 2.11; 11.3,14; Jo. 8.44). A cegueira satânica opera a fim de que não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus, a do último Adão (Gn. 1.26; I Co. 15.45-49). A mensagem do apóstolo é simples, ele não trata de si mesmo, mas do Cristo Crucificado (II Co. 4.5), escândalo para os judeus e loucura para os gregos (I Co. 1.20-23). Por meio dessa mensagem, Deus, como no princípio (Gn. 1.2,3), possibilita uma nova criação, retirando os pecadores do império das traves e conduzindo-os ao reino de amor em Seu Filho Jesus Cristo (Cl. 1.13).

2. FRAGILIDADE: VASOS DE BARRO
No antigo oriente os vasos de barro eram comumente encontrados nos lares. Diferentemente dos vasos de metal ou de vidro, os de barro eram adquiridos por baixo preço e quebravam com facilidade. Do mesmo modo os mensageiros de Deus são frágeis, é bem provável que não chamem a atenção do mundo pelos seus artefatos exteriores, mas conduzem, no interior, um tesouro de precioso valor (II Co. 3.7). Isso acontece porque Deus escolheu “as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são” (I Co. 1.27,28). Os mensageiros de Deus, portanto, são atribulados de várias formas, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos (II Co. 4.8,9). Ao contrário do que defendem determinados seguimentos evangélicos, a vida cristã, em especial a dos obreiros, não é isenta de sofrimentos. Devido ao escândalo da mensagem cristã, muitos obreiros são incompreendidos não apenas pelo mundo, mas também pelos de dentro da igreja. Paulo destacou que havia passado por circunstâncias desesperadoras que foram para além das suas forças (II Co. 1.8). Mesmo assim ele não desanimou, pois mesmo nos momentos solitários foi assistido pelo Senhor (II Tm. 4.16-18). Diante dele estava, todos os dias, a exposição à morte por causa do evangelho de Cristo (II Co. 4.10,11). Como disse aos crentes de Roma: “Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro” (Rm. 8.36). O Apóstolo regozija-se por saber que, mesmo na fragilidade, e ainda em risco de morte, a vida de Jesus se manifestava em sua carne mortal (Rm. 8.35-39; II Co. 1.8-10; Fp. 3.10; 4.12-13). Mesmo que nele opere a morte, naqueles que ouve, opera a vida (II Co. 4.12). Apóstolo destaca que o fundamento do ministério está nas marcas de Cristo, por meio das quais é demonstrada a identificação do cristão com o Senhor (Gl. 6.17).

3. A GLORIFICAÇÃO DOS VASOS
Apesar dos sofrimentos, a fé de Paulo persiste baseada na certeza da ressurreição dos mortos (II Co. 4.12; I Co. 15.20-23). É antagônico que determinados ministros dos dias atuais fundamentem sua atuação nas glórias que receberão na terra. Alguns deles, contrariando os princípios cristãos, ficam perplexos diante da possibilidade da morte (Fp. 1.21-23; II Co. 5.1,2). O apóstolo, diferentemente, aguarda a manifestação do Senhor, quando se dará o momento da glorificação (Fp. 4.16; I Ts. 2.19). Alguns obreiros, dominados pela teologia da ganância, perderam a bendita esperança, e não mais atentam para a doutrina do arrebatamento da igreja (I Ts. 4.13-17). Ainda que o homem exterior se corrompa, o interior se renova de dia em dia (II Co. 4.16; Ef. 3.14-19), pois “nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (II Co. 4.17). Gememos agora debaixo do peso da tribulação, mas regozijaremos no futuro quando o que é incorruptível se revestir da incorruptibilidade, quando a morte for tragada na vitória (I Co. 15.53,54). Os sofrimentos do tempo presente não são para ser comparados com as glórias por vir que em nós serão reveladas (Rm. 8.18). As tribulações de Paulo foram leves e momentâneas apenas no seu modo de ver (I Co. 1.8,9; 2.4; 4.8,9; 6.4-10; 11.24-27), pois ele não atentava para as coisas visíveis, mas para as invisíveis e eternas (II Co. 4.18; Rm. 8.19-23; Fp. 3.20-21).

CONCLUSÃO
Tesouros em vasos de barro, é isso que os mensageiros de Deus são. Frágeis e de pouco valor, mas com um conteúdo precioso. Não somos ainda o que haveremos de ser, pois quando Cristo que é a vida se manifestar, seremos como Ele é (I Jo. 3.1-3). Portanto, com o compositor sacro, cantamos: “Desprezando toda a dor eu vou a cantar, e o calvário, ao pecador, sempre apontar, flechas transpassaram-me, padeci gran dor, mas Jesus, minha luz, fez-me vencedor. A paz adorada de Jesus verei, com a grei amada, no céu estarei. Na mansão dourada, hinos vou cantar, a Jesus, minha luz, que me quis salvar!” (HC 304).

BIBLIOGRAFIA
KRUSE, C. II Coríntios: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999.
HORTON, S. I e II Coríntios. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

fonte: http://www.subsidioebd.blogspot.com/

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Lição 4

A GLÓRIA DAS DUAS ALIANÇAS

Objetivo: Mostrar que a glória da Antiga Aliança desvaneceu ante a glória superior da Aliança revelada em Cristo Jesus.

INTRODUÇÃO
Na aula de hoje nos debruçaremos sobre a comparação que Paulo faz entre a Antiga e a Nova Aliança. Antes de aprofundarmos esse tema, discorreremos a respeito da autorrecomendação do Apóstolo, justificando suas credencias perante a igreja. Ao final da aula atentaremos para a suficiência da nova aliança em Cristo. Esse assunto é bastante apropriado para a igreja, haja vista as ameaças judaizantes para a igreja atual. Semelhante aos dias de Paulo, há hoje cristãos que defendem o retorno às praticas religiosas judaicas como requisito para a salvação.

1. A AUTORRECOMENDAÇÃO DE PAULO
Paulo não era contra as cartas de recomendação, haja vista ele mesmo ter feito uso delas para recomendar determinadas pessoas (Rm. 16.1; I Co. 16.10-11; Fp. 2.19-24). No caso específico desta epístola, ele justificou que por ter tido uma participação tão íntima com a Igreja de Corinto, uma carta de recomendação seria desnecessária. É provável que o ofensor de Paulo, que arrebanhava a igreja contra o Apóstolo em Corinto (II Co. 2.5), tenha usado a falta de uma carta de recomendação – vinda de Jerusalém, das autoridades apostólicas - como artifício para tentar descredenciá-lo. Tal atitude se revestia em pirraça contra o Apóstolo, já que esse teria fundado a igreja naquela cidade (II Co. 3.1). A existência de uma igreja em Corinto, plantada pelo Apóstolo, era a prova cabal de seu envio pelo Senhor, descartando, assim, a exigência de uma carta (II Co. 3.2). Os próprios coríntios eram cartas vivas, demonstração evidente da atuação de Cristo. A salvação dos crentes coríntios revelava-se como uma inscrição do Senhor, efetuada não com tinta, mas com o Espírito Santo (II Co. 3.3). A transformação das vidas dos coríntios, que outrora estavam perdidos em seus pecados, era uma nítida demonstração do poder do evangelho de Cristo (I Co. 6.9-11). Essa é uma valiosa verdade, o mundo pode muito bem não ler as Escrituras, mas poderá ler as vidas dos cristãos. Cada crente deve viver de tal modo que as pessoas possam neles o brilho da luz do evangelho (Mt. 5.14-16).

2. A VELHA E A NOVA ALIANÇA
Cristo é o fundamento da confiança de qualquer apostolado. Tendo Ele como base, não haverá o que temer, nem motivos para agir com timidez (II Co. 3.4; Rm. 8.15-17). Essa confiança é proveniente de Deus, pois é por Ele, com Ele e por meio dEle, que a obra espiritual é realizada (I Co. 1.18). É Ele quem nos faz ministros de uma nova aliança, essa edificada sobre Cristo, que superior à antiga aliança (I Co. 11.25; Hb. 9.15-28). Isso porque a letra, isto é, a Lei de Moisés, utilizada apenas como sistema de regras a ser obedecido conduz à morte (II Co. 3.6; Rm. 3.20; 10.1-4). Não é pela a observância a Lei que o ser humano é vivificado, mas pelo Espírito que realiza em nós, e conosco, aquilo que a Letra, por si, é incapaz de fazer (Go. 5.19-22; Rm. 8.3,4). Infelizmente, alguns cristãos radicais, por desconhecerem as normas de interpretação bíblica, argumentam, sem apelar ao contexto da passagem, que o cristão não pode se dedicar ao estudo da Bíblia, nem freqüentar institutos bíblicos, e nos casos mais extremos, se envolver com a Escola Dominical. O resultado é a total ignorância espiritual, cristãos despreparados para lidar com os problemas da vida, meninos na fé que se deixam levar por todo e qualquer vento de doutrina. Se analisar cuidadosamente esse texto, perceberemos que Paulo está mostrando a incapacidade da Lei para salvar o ser humano, ressaltando que essa apenas aponta o pecado. Ainda que a Lei seja santa, justa e boa (Rm. 7.12-14), o ser humano não é capaz de cumprir sua exigência (Ex. 34.7; Ez. 18.4).

3. A GLÓRIA DA NOVA ALIANÇA EM CRISTO
A Lei apenas serviu de aio – paidagogos no grego – a fim de conduzir as pessoas a Cristo (Gl. 3.24). Mas a Lei teve o seu fim em Cristo, já que essa apenas mostra o caminho, mas não remove os obstáculos, aponta a doença, mas não a cura. A glória da Lei é temporária, sua glória se esvai, pois o próprio brilho no rosto de Moisés desapareceu, o de Cristo, entretanto, permanece revestido de glória, por toda eternidade. Por isso, o Espírito dado na Nova Aliança em Cristo capacita o cristão para que esse cumpra os mandamentos de Deus (Ez. 36.27; Rm. 8.3,4). Esse ministério do Espírito é mais glorioso do que o ministério da morte. Se o ministério da condenação teve a sua glória, em muito maior proporção tem o ministério da justiça em Cristo (II Co. 3.9; Rm. 3.21-26). Assim, as exigências justas da lei podem ser cumpridas através de um andar no Espírito (Rm. 8.4; Gl. 5.19-25). Por meio da justiça de Cristo o Espírito nos auxilia a andar em boas obras para as quais de antemão fomos criados (Ef. 2.8-10). Essa intervenção divina é denominada, por Paulo, de justificação (Rm. 5.1), isso porque por meio de um ato legal, forense e judicial, Cristo se tornou substituto, pagando a dívida do pecado (Cl. 2.14). A partir de então, o justo viverá da fé no evangelho (Rm. 1.16,17) e nenhuma condenação há esses que estão em Cristo Jesus (Rm. 8.1).

CONCLUSÃO
Uma estrofe do hino 15 da Harpa Cristã, intitulado “Conversão”, sumariza o conteúdo da lição estudada. Diz seu autor: “Mas um dia senti meu pecado, e vi / sobre mim a espada da lei / apressado fugi, em Jesus me escondi / e abrigo seguro nEle achei”. O refrão esboça o júbilo dessa glória revelada em Cristo: “Foi na cruz, foi na cruz / onde um dia em vi / meu pecado castigado em Jesus / Foi ali, pela fé, que os olhos abri / e agora me alegro em Sua luz”.

BIBLIOGRAFIA
KRUSE, C. II Coríntios: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999.
HORTON, S. I e II Coríntios. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

Fonte: http://www.subsidioebd.blogspot.com/

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Lição 3

A GLÓRIA DO MINISTÉRIO CRISTÃO
Objetivo: Mostrar que a glória do ministério cristão está na simplicidade e sinceridade com que se prega o evangelho e na salvação e edificação dos fiéis.

INTRODUÇÃO
Apesar dos descalabros evangélicos que tentam ofuscar o brilho do ministério cristão, esse, uma vez desenvolvido em conformidade com a Palavra de Deus, continua sendo glorioso. Paulo escreveu a Timóteo, jovem pastor de Éfeso, ressaltando a sublimidade do ministério (I Tm. 3.1). O Apóstolo dos gentios é um grande exemplo de alguém que desenvolveu o ministério cristão com a dignidade e a sinceridade que lhe é devida. Na lição de hoje refletiremos a respeito do seu ministério apostólico, suas atitudes perante a igreja, bem como sua resposta aos falsificadores da mensagem evangélica.

1. O MINISTÉRIO APÓSTÓLICO DE PAULO
Paulo ressalta a glória do seu ministério apostólico apelando para o testemunho da sua consciência (II Co. 1.12). O Apóstolo dos gentios é cônscio do desenvolvimento das tarefas para as quais o Senhor lhe capacitou (Rm. 15.17-19). É evidente que a consciência de Paulo estava tranqüila porque esse conhecia e observava a Palavra de Deus. A consciência humana não é infalível como defendiam os gregos e romanos, pois essa precisa estar respaldada pela Palavra de Deus (I Co. 4.2-5). Mas deixar de atentar para a consciência significa incorrer no risco de perder-se espiritualmente (I Tm. 1.19). Os obreiros de Deus que atuam com a consciência fundamentada na Palavra são motivos de glória (II Tm. 2.16,16). Os que seguem as diretrizes da Palavra se alegrarão na eternidade ao verem o fruto do seu trabalho (Fp. 4.1; I Ts. 2.19). Como Paulo, podemos nos gloriar na obra do Senhor, contanto que isso não seja feito com orgulho ou auto-exaltação, mas com o coração comprometido com a igreja e com a causa do evangelho de Cristo (II Co. 10.17; I Co. 15.10). Paulo, diferentemente de alguns obreiros dos dias atuais, fundamentou seu ministério não em palavras de persuasão humana, mas na simplicidade, no escândalo e loucura da mensagem da cruz de Cristo (I Co. 2.1-5). Por esse motivo, sua consciência sossegava na certeza de estar cumprindo a meta para a qual o Senhor o separara. A meta de Paulo não era obter a aprovação dos outros, antes viver em sinceridade – eilikrineia em grego – termo que, literalmente, diz respeito a algo que é capaz de suportar a luz do sol e pode ser mirado com o sol brilhando através dele. O objetivo primordial do obreiro de Deus não é alcançar popularidade, mas pregar e viver a Palavra de Deus (II Tm. 2.15; 4.12).

2. A ATITUDE DE PAULO PERANTE A IGREJA
Os acusadores de Paulo diziam que ele não agia com leviandade e que não eram íntegros em suas palavras (II Co. 1.17,18). Essa acusação deu-se por causa da mudança de planos do apóstolo em relação à viagem pretendida. Eles pretendiam denegrir a imagem do Apóstolo, criticando-o por seguir a sabedoria humana, agindo segundo a carne (II Co. 1.12) e por ignorar a vontade de Deus (II Co. 1.17). Paulo responde aos críticos afirmando que resolveu mudar os planos da viagem – de Corinto para a Macedônia para da Macedônia para Corinto – por reconhecer uma necessidade premente naquela igreja. Com essa atitude ele pretende mostrar-se sensível às carências das igrejas e que a mudança de percurso revelava diligência na resolução de uma causa urgente. Com essa viagem os coríntios seriam beneficiados, esse seria um segundo benefício (II Co. 1.15), haja vista que o primeiro teria sido o período de dezoito meses em que esteve entre eles (At. 18.11) e os havia ganhado para o Senhor, tornando-se pai espiritual deles (I Co. 4.15). Ainda no intuito de defender-se da acusação de leviandade, Paulo faz referência à fidelidade de Deus. E, do mesmo modo, diz que suas palavras são verdadeiras, sinceras e coerentes (Mt. 5.37). Com essas palavras o Apóstolo argumenta em favor da sua sinceridade, e principalmente, das motivações corretas, fundamentadas no amor a Cristo e a Igreja para a glória de Deus (II Co. 1.19,20).

3. CONTRA OS FALSIFICADORES DA PALAVRA
Os falsificadores da Palavra eram aqueles que transformavam o evangelho de Cristo numa mercadoria a ser vendida. Em nossos dias nos deparamos com exemplos dessa mesma natureza, falsos obreiros que pregam um evangelho adulterado, descompromissado com a Palavra de Deus. Como não há compromisso com a Verdade, pregam aquilo que as pessoas desejam ouvir, não o que precisam ouvir (II Tm. 4.3). Tais profissionais utilizam estratégias de marketing com vistas à autopromoção. Igrejas incautas, por não se voltarem à Palavra, são fontes de lucro fácil para esses negociantes do evangelho de Cristo (II Co. 4.2; 11.20). Há até os que vendem pacotes para eventos evangélicos e têm a audácia de cobrar de acordo com a quantidade dos “milagres” que serão realizados. Cobram quantias vultosas para ir às igrejas, exploram os irmãos pobres a fim de satisfazer suas vaidades e para suplantar seus complexos de inferioridade. Investem exageradamente na aparência pessoal, usam gravatas importadas com custos vultosos, ternos luxuosos e sapatos com preços exorbitantes, tudo isso para causar impacto nos ouvintes. Paulo, diferentemente de tais falsificadores, não estava mercadejando a Palavra de Deus, não pretendia transformar o evangelho em um produto (II Co. 2.17a). O Apóstolo estava comprometido com a mensagem do evangelho, sabendo que essa procedia não de homens, mas de Deus (II Co. 2.17b). Também não fazia uso de malabarismos e subterfúgios para ludibriar as pessoas. Como Pedro, sabia que não importava agradar os homens e não agradar a Deus (At. 5.29). Por esse motivo pautava seu ministério na sinceridade, falava com honestidade aos seus ouvintes, fundamentava seu ensinamento não na ganância, mas na sinceridade a Deus.

CONCLUSÃO
Duas palavras resumem o ministério de Paulo e servem de critério para os obreiros de Deus: simplicidade e sinceridade. O Apóstolo não vivia de ostentações, não buscava glória própria, não camuflava a Palavra a fim de obter lucro e aprovação humana. A expansão do evangelho era a sua motivação central, mas sabia que essa somente seria alcançada caso estivesse de acordo com os parâmetros divinos. Quando o obreiro se encontra no centro da vontade de Deus, ele pode dormir com a consciência tranqüila. Mais que isso, tem autoridade espiritual para se opor aos falsificadores da Palavra que distorcem o evangelho de Cristo a fim de ludibriar o povo de Deus (II Co. 4.2).

BIBLIOGRAFIA
KRUSE, C. II Coríntios: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova,1999.
LOPES, H. D. II Coríntios. São Paulo: Hagnos, 2008.

Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Lição 2

O CONSOLO DE DEUS EM MEIO À AFLIÇÃO

Objetivo: Mostrar que as aflições do tempo presente pode nos instruir a depender inteiramente de Deus, nosso auxílio e consolo.

INTRODUÇÃO
O cristão não está isento de passar por tribulações, na verdade, Jesus disse que no mundo teríamos aflições, mas não deveríamos perder o ânimo (Jo. 16.33). Na aula de hoje estudaremos a respeito da atitude do cristão diante das adversidades. Inicialmente trataremos sobre a introdução da Epístola em foco, em seguida, as aflições e o consolo cristão, e por último, abordaremos aspectos do sofrimento na vida do cristão.

1. UMA SAUDAÇÃO CONSOLADORA
Em sua saudação inicial Paulo identifica-se como “apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus” (v.1), contrastando, assim, seu apostolado com outros, os dos “superapóstolos”, proveniente de homens (Gl. 1.15). Em seguida, o Apóstolo menciona a graça e a paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo (v. 2). A graça – charis em grego, nas epístolas paulinas, diz respeito ao fato do Pai ter enviado Jesus, Seu Filho, a fim de que o mundo fosse salvo por meio dEle (Rm. 5.8; II Co. 8.9). A paz, eirene em grego, equivalente a shalom em hebraico, que carrega o sentido de bem estar em Deus. Para Paulo, a paz de Deus é obtida mediante a morte de Cristo, já que, distante dEle, somos inimigos de dEle (Ef. 2.13-18). Ainda na saudação o Apóstolo expressa seu louvor a Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo que é o Deus de toda consolação – paraklesis em grego. Não existe outra maneira do homem ser consolado senão em Deus, pois Ele é o Porto Seguro em meio às ondas bravias do mar. Paulo passou por momentos de angústia na vida ministerial, mesmo assim, não desanimou (II Co. 11.16-29; 12.10), antes instruiu aos irmãos de Corinto para que usufruíssem das misericórdias divinas e do consolo dele proveniente. Jesus é o Consolador das nossas vidas, o Parácleto divino em quem encontramos a verdadeira paz (I Jo. 1.9), pois Ele é o Príncipe da Paz (Is. 9.6). Se no mundo temos aflições, Cristo nos dá a Sua paz (Jo. 14.27), uma paz que o mundo não conhece, pois essa é fruto do Espírito (Gl. 5.22), que é o Outro Consolador Prometido por Jesus (Jo. 14.16).

2. AFLIÇÃO E CONSOLO NAS TRIBULAÇÕES
Paulo sabia o que era sofrer e a respeito disso deu testemunho em sua II Epístola aos Coríntios (II Co. 11.6.29; 12.10). E por causa de tais aflições, poderia, também, “consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmo somos consolados de Deus” (II Co. 1.4). Essa é uma demonstração de um dos motivos pelos quais somos afligidos, a fim de que possamos nos colocar no lugar daqueles que padecem. Sofrer, para Paulo, é um ato de comunicação, de identificação do crente com os sofrimentos de Cristo (II Co. 1.5; Fp. 3.10). Os sofrimentos de Paulo, bem como os dos coríntios, faziam com que eles fossem participantes dos sofrimentos de Cristo. Mas eles também partilharam do consolo em meio às tribulações, mesmo que essas aflições parecessem desesperadoras (II Co. 1.8). Esse consolo teve como fundamento a confiança, não em nós, mas em Deus, que tem poder até para ressuscita os mortos (II Co. 1.9). O Apóstolo revelou que havia recebido sentença de morte, isso se refere, provavelmente, às perseguições que sofreu por parte dos religiosos judeus durante sua viagem, que quiserem matá-lo (At. 20.19; 21.27). Certo Alexandre, naquele momento, causou muitos males a Paulo, que, mesmo abandonado (II Tm. 4.14) não se indispôs contra o Senhor, antes encontrou nEle e na esperança da Sua vinda, o conforto necessário para superar as aflições (II Co. 4.17,18).

3. O CRISTÃO E O SOFRIMENTO
Paulo revelou que Deus permite que os seus filhos sejam afligidos (II Co. 1.5). Quando padecemos por sofrimentos por causa de Cristo o próprio Senhor sofre em nós (At. 9.4; Cl. 1.24). Nem sempre Deus livra o cristão do sofrimento, mas no sofrimento, e, como lemos na galeria dos heróis da fé de hebreus 11, determinadas aflições somente cessarão na eternidade. Mas o sofrimento do crente sempre tem um propósito, um deles é a produção de consolo e salvação para os outros (II Co. 1.6). A morte de vários cristãos ao longo da história serviu de semente para que o evangelho aflorasse em várias regiões do mundo. O sofrimento serve também como instrumento de conforto e consolo para outros crentes que sofrem. Afinal, a promessa de consolo vem do Senhor que também produz em nós essa mesma característica a fim de consolar outros (II Co. 1.7). O sofrimento não necessariamente decorre de pecado, na verdade, os crentes mais consagrados podem passar por provas desesperadoras (II Co. 1.8). Paulo testemunha que sofreu inúmeras perseguições tanto por parte dos judeus (At. 20.19; 21.27) quanto dos gentios (At. 19.23-40) e é bem provável que em uma dessas situações tenha sido sentenciado à morte. Mas o crente sabe que a morte não é o fim, a eternidade deva ser o alvo central da vida do cristão sofredor, pois quando tudo terminar, Deus estenderá sua mão, contanto que confiemos nEle, não em nós mesmos (II Co. 1.9). Ele é o mesmo Deus e do mesmo modo que agiu no passado agirá no presente e no futuro a fim de cumprir com Sua palavra (II Co. 1.10).


CONCLUSÃO
O cristão está sujeito às aflições do tempo presente, mas ao invés de desesperar-se, busca a Deus em oração, para que Ele lhe dê o consolo necessário (II Co. 1.11), assim agiu Jesus para nos dar ensinamento no Getsêmane (Lc. 22.39-46). Na oração encontramos conforto e esperança em Deus, até aquele dia, a respeito do qual tratou o autor do Hino 371 da Harpa Cristã: “Breve vem o grande dia. Em que lutas findarão; Todos os males, agonias, desde mundo cessarão. Cessará no céu o pranto, pois não haverá mais dor, e ouvir-se-á o canto, dos remidos do Senhor”.

BIBLIOGRAFIA
KRUSE, C. II Coríntios: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999.
LOPES, H. D. II Coríntios. São Paulo: Hagnos, 2008.

Fonte: http://www.subsidioebd.blogspot.com/

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Lição 1

A DEFESA DO APOSTOLADO DE PAULO

Objetivo: Mostrar que apesar dos dissabores e angústias da jornada cristã, jamais faltará a consoladora presença do Espírito Santo.

INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos a II Epístola de Paulo aos crentes de Corinto. Na primeira aula trataremos a respeito dos aspectos gerais dessa Carta. Em especial, contextualizaremos a cidade nos tempos do Apóstolo, a autoria, os objetivos, a data e a estrutura da Epístola, e ao final, apontaremos algumas lições que essa epístola nos trarão nas aulas seguintes.

1. A CIDADE DE CORINTO NOS TEMPOS DE PAULO
A cidade de Corinto nos tempos de Paulo situava-se no estreito istmo que ligava o Peloponeso ao território continental da antiga Grécia. Essa cidade foi construída sobre uma plataforma trapezoidal, com cerca de cinco quilômetros e meio a sudoeste da Corinto atual, ao pé de uma colina rochosa conhecida como Acrocorinto. Tal colina se levanta à altura de quase mil metros acima do nível do mar e abrange toda a paisagem ao redor. Essa cidade ficava no cruzamento de duas importantes rotas comerciais. A primeira era a que dava a volta pelo istmo, entre a Ática e o Peloponeso; a segunda, cortava o istmo, indo de Lecaion até Cencréia. A posição geográfica privilegiada de Corinto favoreceu o enriquecimento à custa dos impostos cobrados pela movimentação de mercadorias. Além da importância comercial, Corinto era reconhecida também pelos jogos realizados a cada dois anos e que atraiam muitas pessoas. No local havia um templo construído para a adoração a Afrodite no qual os transeuntes gastavam seu dinheiro com as prostitutas cultuais. Nos tempos do Apóstolo essa cidade estava debaixo do controle romano, ainda que tivesse características cosmopolitas em virtude da presença de pessoas dos diversos lugares que para lá se dirigiam em busca de enriquecimento. Paulo ministrou naquela cidade no período em que Cláudio era o imperador e permeneceu no local pelo período de dezoito meses, por ocasião da sua segunda viagem missionária (At. 18).

2. A II EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS: AUTORIA, DATA, OBJETIVO E ORGANIZAÇÃO
A autoria dessa Epístola aos Coríntios está explicitada em sua abertura: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo” (II Co. 1.1), além dos testemunhos históricos de Irineu, Atenágoras, Clemente de Alexandria e Tertuliano, todos do Século II. Essa é a carta mais autobiográfica do Apóstolo dos Gentios. Paulo enviara Timoteo a Corinto para levar a primeira Carta e regularizar as situações adversas na igreja daquela cidade (I Co. 4.17). Como a viagem de Timóteo não surtiu o efeito desejado, o próprio Apóstolo se encarrega de fazer uma viagem para Corinto (II Co. 12.14; 13.1). Mesmo assim, o resultado da viagem não foi satisfatório (II Co. 2.5; 7.12). Ao invés de chegar a um consenso em relação aos problemas da igreja, Paulo é rejeitado por alguns crentes de Corinto. Tais pessoas acusam-no de leviandade (II Co. 1.15), de não ter carta de recomendação (II Co. 3.1), de dar motivo de escândalo (II Co. 5.11; 6.3-4); de se beneficiar pessoalmente das ofertas (II Co. 7.2; 12.16), de usar sua oratória em benefício pessoal (II Co. 10.10; 11.6), questionam especificamente o apostolado de Paulo. Esse é justamente o objetivo de Paulo nessa Epístola: a defesa do seu apostolado. O versículo-chave que expressa esse intento se encontra em II Co. 4.7: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor, e a nós mesmos como vossos servos por amor de Jesus Cristo”. Essa Carta provavelmente foi levada por Tito (II Co. 8.16), o qual deveria também ajudar a igreja a coletar uma oferta para os irmãos necessitados de Jerusalém. Essa Epístola, escrita provavelmente no ano 56 d. C., da Macedônia, está assim dividida: 1) Saudação e ação de graça (1.1-11); 2) A defesa de Paulo em sua relação com o evangelho (1.12-7.16); 3) A contribuição para os crentes necessitados de Jerusalém (8,9); e 4) Os detratores de Paulo na igreja de Corinto (10.1-13.10). A palavra-chave da Epístola é “consolo”, pois começa (II Co. 1.3) e com ela (II Co. 13.11). O verbo “consolar” – parakaleo - em grego, aparece dezoito vezes e o substantivo – paraklesis - “consolação”, onze vezes.

3. LIÇÕES A PARTIR DA II EPÍSTOLA AOS CORINTIOS
Ao longo do trimestre estudaremos a respeito de vários assuntos que tratarão a respeito dos seguintes aspectos da II Epístola de Paulo aos Coríntios: - o consolo de Deus em meio à aflição: as aflições nos ensinam a lidar com as circunstâncias e a depender de Deus; - a glória do ministério de Cristo: a glória do ministério cristão está na simplicidade e sinceridade com que se prega o evangelho e na salvação dos fiéis; - a glória das duas alianças: a glória da antiga aliança desvaneceu ante a glória superior da Aliança revelada em Cristo Jesus; - tesouro em vaso de barro: embora sejamos frágeis, Deus nos usa para proclamar as boas novas e dá-nos poder para realizarmos sua obra; - o ministério da reconciliação: consiste na proclamação da obra expiatória do Senhor Jesus Cristo; - Paulo, um modelo de líder-servo: não age egoisticamente, antes serve ao povo de Deus com o espírito voluntário e solícito; - Exortação à santificação: através de uma vida santificada e pura o crente dedica-se ao serviço de Cristo; - o princípio bíblico da generosidade: esse princípio deva fazer parte da atitude do crente que deverá faze-lo com alegria, pela graça de Deus; - A defesa da autoridade apostólica de Paulo: sem a autoridade espiritual recebida por Deus, o obreiro não pode desempenhar o ministério de Cristo com eficácia; - Características de um autêntico líder: a liderança cristã autêntica tem por objetivo maior servir a Deus e à igreja do Senhor; - Visões e revelações do Senhor: as experiências espirituais são importantes, mas não devem ser o requisito primário para o ministério cristão; - solenes advertências pastorais: uma das responsabilidades do pastor é a disciplina da igreja, mas essa deva ser feita com amor, a fim de que os membros do corpo se desenvolvam com saúde espiritual.

CONCLUSÃO
Nesta primeira aula destacamos alguns aspectos gerais da II Epístola de Paulo aos Coríntios, bem como os tópicos que serão estudados ao longo do trimestre. Esse estudo nos chega em momento propício, haja vista os equívocos atuais no ministério cristão, dentre eles destacamos: a profissionalização do pastorado, apostolado e bispado; o espírito torpe da ganância pelo dinheiro travestido de benção de prosperidade; e expansão do triunfalismo que se sobrepuja à cruz de Cristo. Oremos para que essas lições, tal como a bússula que norteia o navegador, conduzam os obreiros de Deus, especialmente os mais jovens, a fim de atentaram para o sentido real do ministério cristão.

BIBLIOGRAFIA
HORTON, S. M. I e II Coríntios. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
KRUSE, C. II Coríntios: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999.

Fonte: http://www.subsidioebd.blogspot.com/