OS DONS ESPIRITUAIS
Texto Áureo: I Co. 12.7 - Leitura Bíblica em Classe: I Co. 12.1-11
Objetivo: Refletir a respeito da doutrina dos dons espirituais, ressaltando sua atualidade para a edificação do Corpo de Cristo.
INTRODUÇÃO
A doutrina dos dons espirituais tem total respaldo bíblico. No texto em foco da I Epístola aos crentes de Corinto, Paulo apresenta uma categorização, ainda que seja exaustiva, de alguns dons úteis para a edificação da igreja. No início da aula, definiremos o que seja os dons espirituais. Em seguida, a partir de I Co. 12, estudaremos a diversidade dos dons espirituais. Ao final, refletiremos, com base em I Co. 14, a respeitos de alguns princípios bíblicos para o uso prático dos dons na igreja local.
1. A DEFINIÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS
A palavra comum, no grego, para dons é charismata que, nos textos bíblicos, referem-se, no plural, às manifestações sobrenaturais provenientes do Espírito Santo para a edificação do corpo de Cristo (I Co. 12.4), tal palavra vem de charis (graça), sendo, portanto, assim como a salvação, dádiva divina, sem que haja merecimento. Esses são dons espirituais - pneumaticos (em grego) - sendo assim, não se pode pensar que sejam resultantes do esforço meramente humano (I Co. 12.7; 14.1). Assim, o estudo desses vocábulos, a partir do grego do Novo Testamento, nos leva a concluir que os dons são dádivas espirituais, concedidas pelo Espírito Santo, sem que haja merecimento humano, a fim de favorecer a edificação da igreja.
2. OS DONS ESPIRITUAIS EM I CO. 12
Neste trecho da Epístola, Paulo trata a respeito das “coisas espirituais” (pneumatikon em grego), o que significa, mais especificamente, os dons espirituais (v. 1). Em seguida, o apóstolo destaca a importância desses dons para a igreja (v. 4-6). A manifestação dos dons do Espírito visa, além da edificação do Corpo, a glorificação de Cristo (v. 11), com vistas à unidade, isto é, para que seja “tudo em todos” (v. 6). Paula dá três listas de dons neste capítulo, os quais são manifestos de acordo com a vontade do Espírito Santo (v. 7). É o Espírito que dá manifestações (revelações, meios pelos quais os se dá a conhecer). Esses dons não são distribuídos para beneficio próprio, mas com vistas, esses dons sequer são individuais, eles devem “ser úteis”. Eles podem ser classificados como: 1) da palavra de sabedoria e palavra do conhecimento; 2) de fé, dons de curar e oração de milagres; e 3) de profecia, capacidade para discernir os espíritos, línguas e interpretação de línguas. A diversidade desses dons é fundamental a fim de que a igreja possa ser amplamente favorecida. Por meio da palavra de sabedoria, Deus trás, à igreja, uma palavra prática para uma necessidade ou problema em questão (At. 6.2-4; 15.13-21) ou diante dos adversários (At. 4.8-14; 19-21; 6.9,10). A palavra de conhecimento é o discernimento sobrenatural quanto à revelação de Deus na Bíblia (At. 10.47,48; 15.7-11). O dom da fé (I Co. 13.2) não é a fé salvadora, mas um dom especial com vistas a beneficiar a igreja local ou para a realização de um milagre (At. 27.25). Os dons de curas (assim mesmo no plural) são manifestados para que Deus intervenha, curando doenças e enfermidades (At. 3.6; 4.30). O dom de operação de maravilha sugere muitas variedades de milagres e ações de poder sobrenatural (At. 13.9-11). A profecia é disponibilizada para todos os crentes (At. 2.17,18) para a edificação, exortação e consolação do Corpo. O discernimento de espírito visa distinguir as operações satânicas da real manifestação do poder divino (At. 5.3; 8.20-23; 13.10; 16.16-18). As variedades de línguas (I Co. 14.2) é uma demonstração da possibilidade da igreja falar em mistério. A interpretação de línguas, por sua vez, capacita os crentes a traduzir, sobrenaturalmente, algo falado em línguas (I Co. 14.6,13,16).
2. A APLICAÇÃO DOS DONS NA IGREJA LOCAL
A igreja deve buscar “com zelo os melhores dons” (I Co. 12.31), mas principalmente o de profetizar. A razão para a prioridade desse dom é a edificação da igreja, considerando que o falar em línguas edifica apenas a si mesmo, a menos que sejam interpretadas (I Co. 14.2). Por isso, aquele que fala línguas deve buscar interpreta-las (I Co. 14.5-14). Paulo dá o testemunho que prefere falar, na igreja, cinco palavras com entendimento, do que dez mil palavras em língua estranha (I Co. 14.19). O culto, por assim, dizer, não pode se restringir a um “festival” de línguas estranhas. O dom de línguas deva ser motivado quando os crentes estiverem sozinhos em suas devoções particulares. Esse é o caminho do amadurecimento espiritual, saber quando se deve ou não falar línguas (I Co. 14.20). As línguas no culto, principalmente quando interpretadas, servem de sinal para os descrentes, para que saibam quão distanciados de Deus estão (I Co. 14.21; At. 2.6). Mas se transformamos o culto num encontro para que todos falem línguas estranhas, os incrédulos não compreenderão a mensagem do evangelho e os crentes, como aconteceu em Jerusalém (At. 2.13), serão chamados de loucos. Por isso, Pedro, em At. 2.14, não falou a multidão em línguas estranhas, mas de forma audível e compreensível, o resultado foi uma conversão de quase três mil pessoas. Assim, que tudo seja feito com decência e ordem, para a edificação do Corpo de Cristo, se não houver quem interprete as línguas, que fique calado ou fale apenas consigo mesmo (I Co. 14.28). Quanto à profecia, que falem dois ou três e outros julguem (I Co. 14.29-31-32), isso mostra que o dom profético não é canônico, como a escritura, infalível, por isso, deva ser julgado à luz da Escritura. Paulo admite que as pessoas podem acrescentar seus próprios sentimentos. Talvez isso tenha acontecido quando os de Tiro, “pelo Espírito”, exortaram Paulo para que não fosse a Jerusalém (At. 21.4,11,12). Aquelas profecias não foram infalíveis porque outras passagens, como a de At. 9.16, 27.23,24, revelam que era a vontade de Deus que Paulo fizesse aquela viagem.
CONCLUSÃO
Os dons espirituais, conforme nos instrui o apóstolo Paulo, são dados para “cada um para o que for útil” (I Co. 12.7) e visam, acima de qualquer coisa, à edificação e à santificação da igreja (I Co. 12.7). Esse dons – charismata - são espirituais – pneumatikon - concedidos de acordo com a vontade do Espírito Santo (I Co. 12.11) a fim de suprir as necessidades da igreja (I Co. 12.31; 14.1). Esse dons não se restringiram apenas aos dias apostólicos, a igreja atual também pode usufruir deles com decência e ordem, de modo que não falte esses e outros dons (Rm. 12.6-8) até a vinda do nosso Senhor Jesus (I Co. 1.7).
BIBLIOGRAFIA
HORTON, S. M. I e II Coríntios: os problemas da igreja e suas soluções. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
MORRIS, L. I Coríntios: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2007.
PB. José Roberto A. Barbosa
Publicado no blog: http://subsidioebd.blogspot.com/
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