segunda-feira, 29 de junho de 2009

Lição 1

A PRIMEIRA CARTA DE JOÃO

INTRODUÇÃO
Ao longo deste trimestre estudaremos a I Carta de João. Essa é uma das cartas mais significativas do Novo Testamento. Caracteriza-se por uma estrutura bastante distinta em relação as demais. O conteúdo é contundente na argumentação contra os falsos mestres. Seu estilo e teologia se coadunam com o Evangelho do mesmo autor. Nas aulas dos próximos três meses teremos as seguintes lições: 1) a Primeira Carta de João; 2) Jesus, o Filho Eterno de Deus; 3) Jesus, a Luz do Crente; 4) Jesus, o Redentor e Perdoador; 5) A força do amor cristão; 6) o sistema de viver do mundo; 7) a chegada do Anticristo; 8) A nossa Eterna salvação; 9) O crente e as bênçãos da salvação; 10) os falsos profetas; 11) o amor a Deus e ao próximo; 12) O testemunho interior do crente; e 13) A segurança em Cristo. Na lição de hoje, trataremos a respeito da autoria dessa carta, do seu propósito e apresentaremos uma visão panorâmica de sua divisão.

1. A AUTORIA DA CARTA
O autor de I João não se identifica na Carta. Ao que tudo indica seus “filhinhos” os reconheceria sem problemas. Uma pista nos é dada em II e III João nas quais o autor se apresenta como o “ancião”. Mesmo o evangelho, do mesmo autor de I João, diz ser “o discípulo a quem Jesus amava” (Jo. 21.20; 13.23). Com base nessas passagens do evangelho e a semelhanças contundentes, atribui-se a autoria da Carta a João, o discípulo, filho de Zebedeu (Mt. 4.21), que a teria escrito entre os anos 85 a 95 d. C. Existem evidências externas da pena de Irineu e do Cânon Muratoriano que atribuem e assumem que I João e o evangelho são do mesmo autor. O João, apóstolo de Cristo e autor dessa epístola, era, como seu pai, pescador de Betsaida, na Galiléia, e trabalhava no lago de Genezaré (Mt. 4.18,19). Sua família parece ter vivido em condições favoráveis, já que seu pai tinha empregados (Mc. 1.20), a sua mãe era uma das mulheres piedosas que seguiam a Jesus e que desde a Galiléia servia ao Senhor com seus bens (Mt. 27.26). João, inicialmente, seguia João Batista, e depois, com seu irmão André, passou a seguir a Cristo (Jo. 1.35-40). A chamada de João e de seus irmãos está registrada em Mt. 4.21,22 e em Mc. 1.19,20. Tratava-se de um dos doze apóstolos (Mt. 10.2). Jesus deu a ele e ao seu irmão o nome de Boanerges (Mc. 3.17), talvez por causa do seu temperamento impulsivo (Mc. 9.38,39; Lc. 9.51-56) e pelas ambições pessoais (Mc. 10.35-40). Ao final, ele foi modificado pelo amor de Jesus e passou a ser denominado de “o discípulo a quem Jesus amava” (Jo. 21.20). Como os demais discípulos, João se distanciou do Mestre após a prisão, mas depois o seguiu até o palácio do sumo sacerdote (Jo. 18.15) e estava presente no Calvário (Jo. 19.26,27). Em companhia de Pedro visitou o túmulo vazio de Jesus (Jô. 202-8) e reconheceu o Senhor na pesca milagrosa (Jo. 21.7). Para a tradição eclesiástica, João teria ficado em Jerusalém até a morte de Maria, a mãe de Jesus, que teria acontecido por volta do ano 48 d. C. e que depois de ter deixado Paulo na Ásia Menor, passou a residir em Éfeso e criado diversas igrejas naquela região. Durante a perseguição de Domiciano, foi desterrado para a ilha de Patmos, no mar Egeu, onde teria escrito o Apocalipse. Anos depois teria sido libertado e retornado a Éfeso onde permaneceu até sua morte, que teria ocorrido por volta do ano 100 d. C. De acordo com Jerônimo, João pela sua idade avançada, não mais podia pregar, por isso, pedia que o levassem ao templo e então contentava-se em exortar a igreja dizendo “Filhinhos, amai-vos uns aos outros”.

2. O PROPÓSITO DA CARTA
O propósito da Carta é apresentado por João no capítulo 5 e versículo 13. Ele procurar reforçar e consolidar o Evangelho, assegurando aos crentes que eles têm vida eterna. A Carta é também uma apologia contra as falsas doutrinas que estavam adentrando a igreja. Os Gnósticos, um ensinamento esotérico dos tempos primitivos da igreja, questionavam a encarnação do Verbo. Eles negavam também que Jesus fosse o Filho de Deus. A esses João denomina de enganadores e anticristos (2.22; 4.15; 5.1). Eles também negavam a humanidade de Cristo, opondo-se, assim, à comunicação de Deus com os homens através do Logos que se fez carne. João combate com veemência essas falsas doutrinas ao longo de sua epístola universal (4.3), declara, logo no início, que ele pôde tocar o corpo de Jesus (1.1). Como se isso não fosse o bastante, defendiam ainda a liberdade para pecar, argumentando que o pecado não atingiria a alma, apenas o corpo. O Apóstolo refuta esse ensinamento imoral ao declarar que todo pecado é iniqüidade (3.4) e que é na comunhão com Deus que o cristão é purificado, sendo reconhecido como filho de Deus (2.5; 3.8-10; 4.13; 5.11). A Epístola destaca a natureza da comunhão com Deus (1.3), pois Ele é luz (1.5), portanto, o homem deve ser purificado e remido (1.7; 2.2) e também santo (2.3-7). Como Deus é amor, devemos também amar-nos uns aos outros (2.10). Como Deus é justo, os Seus filhos também devem ser (2.29-3.3) Cristo veio para tirar o pecado do mundo e nEle não há pecado, portanto, devemos ser santos (3.4-10). O amor sacrificial dEle deve ser o modelo do amor cristão em relação ao próximo (3.11-18). O amor é parte essencial da natureza de Deus (4.7,8).

3. PANORAMA GERAL DA CARTA
A Carta de I João é uma das mais difíceis de esboçar do Novo Testamento. Alguns estudiosos argumentam, com bastante sentido, que João, nessa Epístola, não tem qualquer intenção de seguir um planejamento lógico. Mesmo assim, tentaremos, nas próximas linhas, traçar um panorama geral da Carta: 1) A base da vida cristã (1.1-5); 2) O significado do andar na luz (1.5-2.2); 3) Resultados da comunhão com o Pai (2.3-3.28): obediência (2.3-5), semelhança com Cristo (2.6), amor (2.7-11), separação (2.12-17), ortodoxia (2.18-28); 3) Justiça sinal de filiação (2.39-3.24): a realidade da filiação (2.29-3.3), a possibilidade da pureza (3.4-10), a essência da justiça (3.11-18), os resultados da justiça (3.19-24); 4) A necessidade da prática da discriminação e do discernimento espiritual (4.1-6); 5) o amor, prova da filiação (4.7-21): origem (4.7,8), significado (4.9,10), inspiração (4.11-16), atividade (4.17-21); 6) grandes certezas do crente (5.1-20): a vitória sobre o mundo (5.1-4), o caráter final de Jesus Cristo (5.5-12), a realidade da salvação (5.13), da oração respondida (5.18-20); 7) Admoestação contra a idolatria (5.21).

CONCLUSÃO
Essa Primeira Carta de João foi escrita para uma comunidade cristã que enfrentava a ameaça Gnóstica do Século I da Era Cristã. Ao tratar a respeito desse tema, o Apóstolo defende o valor da vida coerente, e principalmente, em comunhão com Deus e em amor entre os irmãos. O propósito central da Carta pode ser resumido no seguinte versículo: “Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus” (I Jo. 5.13).

BIBLIOGRAFIA
BOILE, J. M. As epistolas de João. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
STOTT, J. R. W. I, II e III João: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982.

Fonte: http://subsidioebd.blogspot.com/

quarta-feira, 24 de junho de 2009

AMOR, A VIRTUDE SUPREMA

AMOR, A VIRTUDE SUPREMA

Texto Áureo: Rm. 5.5
Leitura Bíblica em Classe: I Co. 13.1-13
Objetivo: Mostrar que o amor de Deus em nós não é um dom, mas o fruto do Espírito expresso na vida do verdadeiro cristão.

INTRODUÇÃO
A igreja de Corinto, conforme estudamos na primeira lição deste trimestre, era bastante fervorosa, isto é, tinha muitos dons. Por outro lado, era carente de espiritualidade, pois lhe faltava a demonstração do fruto do Espírito. Nessa última lição do trimestre, estudaremos, com base em I Co. 13, o amor, esse que é o fundamento do fruto do Espírito, o qual também tem primazia na lista das virtudes espirituais apresentadas por Paulo em Gl. 5.22.

1. AMOR, SIGNIFICADOS E DEFINIÇÕES
No grego do Novo Testamento, a palavra amor é “ágape”, cujo significado primário vem do amor puro e verdadeiro de Deus em relação ao Seu Filho (Jo.17.26), ao seu povo (Gl. 6.10) e à humanidade perdida que se rebelou contra Deus (Jo. 3.16; Rm. 5.8). A Bíblia declara que a natureza de Deus é o amor (I Jo. 4.8,16). Em Hb. 12.6, sabemos que, mesmo debaixo da correção divina, somos alvo do Seu amor. O amor a Deus é o fundamento da obediência (Jo. 14.21). O fruto do Espírito, conforme aponta Paulo em Gl. 5.22, é o amor e é na manifestação desse amor sacrificial que o mundo vê Cristo é nós (II Co. 5.14). Ainda no grego, diferentemente do português, existem verbos distintos para descrever os diferentes tipos de amores. O verbo “agapao” tem em Deus sua demonstração máxima, na verdade, o próprio Deus é amor (I JO. 4.9-10). Por isso, esse Deus age com amor em relação ao homem perdido (Jo. 3.16; I Jo. 3.1,16). Em resposta ao amor de Deus, o homem deve também amá-lo, bem como ao próximo (Mc. 12.30-33; Mt. 19.19; 22.39; Mc. 12.31; Rm. 13.8; I Jô. 3.11,23), especialmente aos domésticos na fé (Gl. 5.6; I Jô. 2.10). Os inimigos também entram na lista daqueles que devem ser amados por aqueles que foram alcançados pelo amor de Deus (Mt. 5.44; Lc. 6.35). O verbo “phileo” é usado para descrever a afeição nos relacionamentos pessoais, mais próximo do sentido de “amizade” (Jo. 11.3, 36; Tt. 3.15) Uma das passagens mais conhecidas do Novo Testamento, por fazer a distinção entre os verbos “phileo” e “ágape” e se encontra em Jo. 21.15-27, quando Cristo pergunta a Pedro se esse O ama.

2. A EXCELÊNCIA DO AMOR CRISTÃO EM I CO. 13
No capítulo 13, Paulo faz um parêntese na discussão a respeito dos dons espirituais a fim de tratar sobre o amor cristão e coloca esse como um caminho mais excelente. A intenção do apóstolo é mostrar aos crentes de Corinto, que supervalorizavam os dons espirituais, a importância de equilibrar o uso dos dons com a frutificação espiritual demonstrada em amor. A melhor linguagem do céu ou da terra, sem amor, é apenas barulho (v. 1), por isso, quem tem um dom espiritual, não pode se arvorar como se fosse melhor do que os outros e isso, com certeza, estava acontecendo na igreja daquela cidade. Por ser paciente, o amor tem uma capacidade inerente para suportar, ao invés de querer afirmar-se, o amor busca, prioritariamente, dar-se (v. 4). O amor não imputa o mal ao outro, sequer o leva em conta, não abriga ressentimentos pelas ofensas (v. 5). Alegra-se com a verdade, na verdade do evangelho (Jo. 5.56), que está em Jesus (v. 6).Tudo suporta, não fraqueja, não se deixa vencer em todas as dificuldades (v. 7). Os dons espirituais acabarão, no fim, quando Deus tiver cumprido o Seu plano (v. 9,10), mas o amor. A fé é importante, bem como a esperança, mas nada supera o amor (v. 13).

3. A SUPREMACIA DO AMOR CRISTÃO
O amor cristão é superior aos dons tanto pela qualidade quanto pela perenidade. Os dons cessarão, são apenas para esta vida, estarão disponíveis até Jesus voltar, o amor, no entanto, transcende ao tempo, é eterno. Por esse motivo, a prática dos dons espirituais na igreja não compensam a falta de amor. Os dons espirituais sem amor para nada servem. O amor cristão tem algumas características que não podem ser desprezadas: 1) é paciente e benigno – tem uma capacidade infinita para suportar as adversidades; 2) não se aborrece com o sucesso dos outros, não se ufana como um balão cheio de vento, mas sem conteúdo; não é egoísta, não busca apenas seus interesses; 3) não se ressente do mal – está sempre disposta a pensar o melhor das outras pessoas e não lhes imputa o mal; 4) tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta – significa que você abre mão de um direito que tem a favor do seu irmão, pois o amor perdoa e esquece a ofensa do outro.

CONCLUSÃO
O Amor é eterno. O temo grego é “piptei” e significa literalmente que ele não “falha” ou “entra em colapso”. O amor jamais cede às pressões, tem o poder de ultrapassar o tempo, alcançar a eternidade. É no amor que começamos a conhecer a eternidade de Deus. Quando amamos, estamos desfrutando já o que ainda está reservado para nós na eternidade. O amor é a caminho para a maturidade, é o cumprimento da lei, é o maior de todos os mandamentos, é a apologética contundente. Uma igreja sem amor está adoecida e precisa urgentemente de ser curada por Aquele que é Amor e que levou esse amor ao extremo sacrificando-se pelos pecadores. Ele nos amou de uma maneira tal que enviou Seu Filho em sacrifício pelos pecados (Jo. 3.16), nós, em resposta a esse amor, devemos também amar os irmãos e nos sacrificar-nos por eles (I Jô. 3.16), mas esse é um assunto que aprofundaremos no próximo trimestre.

BIBLIOGRAFIA
LOPES, H. D. I Coríntios. São Paulo: Hagnos, 2008.
MORRIS, L. I Coríntios: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2007.

PB. José Roberto A. Barbosa
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quarta-feira, 17 de junho de 2009

AJUDA AOS NECESSITADOS

AJUDA AOS NECESSITADOS

Texto Áureo: I Co. 9.7 -
Leitura Bíblica em Classe: I Co. 9.6-12
Objetivo: Mostrar que a ajuda aos necessitados é um grande privilégio e responsabilidade que Deus concede a cada crente.

INTRODUÇÃO
Paulo instrui a igreja de Corinto em relação ao cuidado com os necessitados. Na aula de hoje, veremos, a princípio, que a contribuição é uma doutrina genuinamente bíblica. Em seguida, aprofundaremos a questão da contribuição em I Co. 16. Ao final, apresentaremos algumas sugestões para contribuição cristã para os necessitados.

1. A CONTRIBUIÇÃO BÍBLICA
A palavra grega “koinonia” significa não apenas “comunhão”, ela abrange também o sentido de “contribuição”, da “partilha de bens”. Desde o princípio da igreja, no capítulo 6 de Atos, está registrado que havia necessidade de cuidar das viúvas da igreja de Jerusalém. Compreendemos, assim, que esse princípio de partilha de bens era bastante comum nos primórdios da igreja (At. 2.44,45, 4.34,35). Essa, entretanto, não era uma prática apenas dos crentes de Jerusalém. Os cristãos de Antioquia compartilharam suas bênçãos materiais com os de Jerusalém (At; 11.27-30). Por causa da perseguição romana, os crentes judeus ficaram em situação de pobreza extrema. Isso mostra que nem sempre a prosperidade é resultante de pecado ou desobediência à Palavra de Deus. Ciente dessa realidade, Paulo mostrou preocupação com os crentes necessitados (O Co. 16.1; II Co. 9.12; At. 24.17; Rm. 15.25,26; II Co. 8.1). A contribuição aos necessitados era, sobretudo, um ato de amor e prova de genuína espiritualidade. Quando as contribuições partiam de igrejas gentílicas, era um sinal evidente de fraternidade, principalmente para alguns cristãos judeus que tratavam os gentios com desdém. Por isso, o apóstolo mostra interesse que os próprios contribuintes entregassem pessoalmente as ofertas aos irmãos necessitados (I Co. 16.3,4).

2. PRINCÍPIOS PARA A CONTRIBUIÇÃO CRISTÃ EM I CO. 16
As contribuições não eram apenas de uma igreja, mas de todas aquelas que haviam sido fundadas por Paulo (II Co. 8.1; 9.2). Para tanto, a cada primeiro dia da semana – com certa regularidade - cada um dos crentes – individualmente - e independentemente da condição financeira, deveria se dispor a contribuir, de acordo com as possibilidades, e esse dinheiro coletado deveria ser bem administrado (v.2). A contribuição para os irmãos necessitados deveria ser feita com liberalidade, pois o que semeia pouco também pouco ceifará (II Co. 9.6; Gl. 6.7). Mas para que seja válida, a contribuição precisa ser feita com alegria, “não com tristeza ou por necessidade, porque Deus ama ao que dá com alegria” (II Co. 9.7). Ninguém deva ser constrangido a doar, é estabelecido, nesse ensinamento, o princípio da generosidade, motivado pelo Espírito Santo (Rm. 12.8). Aqueles que assim o fazem demonstram confiança no Senhor, cientes que Ele “é poderoso para tornar abundante em vós toda graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda suficiência, superabundeis em toda boa obra” (II Co. 9.8; Rm. 8.32). Um dos princípios apresentados por Paulo nessa coleta é o da lisura. Por isso Paulo queria que os próprios irmãos entregassem a oferta aos crentes de Jerusalém, ainda que ele tivesse interesse de acompanhá-los, o que veio a acontecer (Rm. 15.25; II Co. 1.16). Ciente da tentação que o dinheiro pode causar, e a fim de evitar falatórios, não apenas uma pessoa deveria fazer a entrega da contribuição, um grupo de pessoas confiáveis (v. 3).

3. RECOMENDAÇÕES GERAIS QUANTO A CONTRIBUIÇÃO
Os cristãos devem doar não apenas aqueles que fazem parte da igreja. Os de fora também precisam ser alvo da liberalidade eclesiástica (16.1). Não é fácil ser generoso com alguém que nunca vimos antes. Ainda que alguns digam que os olhos não vêem o que o coração não sente, a Bíblia ensina que devemos ser graciosos também com aqueles que estão distantes e que desconhecemos, mais que isso, que são nossos inimigos. É evidente que, de acordo com o ensinamento bíblico, os membros da casa devam ter prioridade (I Tm. 5.8). Devemos fazer o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé (Gl. 6.10). Aqueles que precisam devam ser claros em suas petições, e, principalmente, éticos. Os pastores, desde que com fins apropriados, e principalmente, bíblicos, não devam ter vergonha de pedir dinheiro à igreja. E essa, por sua vez, precisa saber que mais bem-aventurado é dar que receber (At. 20.35). Uma igreja que tem recursos financeiros tem a responsabilidade de ajudar os pobres e reconhecer que tal ato é adoração. Faz parte do culto divino o momento da contribuição, seja com os dízimos, ofertas e contribuições aos necessitados. Quem recebe deve demonstrar gratidão a Deus e aqueles que contribuíram (Fp. 4.18). Muitos vêem com os cestos vazios, mas esquecem de voltar para agradecer. A contribuição financeira não deve ser casual, mas sistemática e proporcional ao ganho individual. Quem administra as contribuições deva ser transparente a fim de não causar escândalo e para não perder a credibilidade.

CONCLUSÃO
Há uma estória interessante que ilustra a condição de muitos crentes da atualidade. Conta-se que um mendigo passou na residência de três pessoas e pediu-lhes ajuda. A primeira era espírita, a segunda, católica, e a terceira, evangélica. Cada uma dessas delas tinha apenas um pão e deu uma resposta diferente ao mendigo. Quando o mendigo pediu algo para comer, o espírita, por acreditar na evolução do espírito pelas caridades, deu todo o pão e ficou com fome. Ao chegar à casa do católico, por via das dúvidas, já que não tinha certeza da salvação se pela fé ou pelas obras, resolveu dividir o pão ao meio, comeu a metade e deu a outra ao mendigo. Ao chegar à casa do evangélico, o mendigo nada recebeu, o irmão disse que “iria orar por ele”, pois só tinha um pão e iria comê-lo. Afinal, pensou ele, sou salvo pela graça, não pelas obras, conforme está escrito em Ef. 2.8,9. O irmão estava parcialmente correto, pois, de fato, somos salvos pela graça, por meio da fé. Ele, porém, esqueceu do versículo 10, que diz que fomos criados para as boas obras. Em suma, não fazemos boas obras para sermos salvos, mas porque já somos salvos.

BIBLIOGRAFIAMORRIS, L. I Coríntios: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2007.PRIOR, D. A mensagem de I Coríntios. São Paulo: ABU, 2001.

PB. José Roberto A. Barbosa
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segunda-feira, 8 de junho de 2009

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Texto Áureo: I Co. 15.20 - Leitura Bíblica em Classe: I Co. 15.1-10
Objetivo: Mostrar que sem a doutrina da ressurreição de Cristo, o cristianismo perde sua razão de ser.

INTRODUÇÃO
Os crentes de Corinto deturparam a doutrina da ressurreição de Cristo. A fim de dirimir algumas questões e solucionar os problemas, Paulo apresenta algumas recomendações em sua I Epístola. Com base em tais explicações, destacaremos, na lição de hoje: 1) a doutrina da ressurreição bíblica; 2) o ensinamento paulino em I Co. 15 sobre a ressurreição; e 3) a igreja e a ressurreição. Ao final da aula, esperamos que os alunos sejam motivados a defender e a viver com base nessa agradável verdade bíblica, cujas evidências se encontram na Bíblia.

1. A DOUTRINA BÍBLICA DA RESSURREIÇÃO
Não existe uma palavra hebraica para “ressurreição” no Antigo Testamento e há muito pouco que explicitamente a descreva de modo que possamos formular uma doutrina da ressurreição nessa parte da Bíblia. A passagem mais clara que trata a esse respeito se encontra em Dn. 12.2, onde Daniel profetiza a respeito do tempo no qual “muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno”. Devido a pouca quantidade de informações a respeito da ressurreição no Antigo Testamento, os Saduceus, no Novo Testamento, que acreditavam apenas no Pentateuco e que não aceitavam os livros proféticos, negavam essa doutrina (Mt. 22.23; At. 23.8). Em I Rs. 17.17-23; II Rs. 4.19-37; 13.21, Deus mostra o Seu grandioso poder para ressuscitar os mortos, o que é reforçado em Ez. 37.1-14. No Novo Testamento, esse ensinamento bíblico está mais amplamente explicitado. O substantivo “anastasis” ocorre 42 vezes e significa “ressurreição”. Ao longo do NT, essa palavra é repetidas vezes utilizada para explicitar o momento em que Cristo virá para ressuscitar os crentes (Jo. 11.24; At. 24.15; Hb. 6.2). Essa ressurreição é superior àquela que costumava ser esperada pelos antigos crentes (Hb. 11.35) porque receberão corpos glorificados, que não estarão sujeitos às imperfeições como o corpo presente (Fp. 3.10-11,20-21). Os gregos, por acreditarem que apenas a alma era imortal, zombaram, de Paulo quando esse pregou a respeito da ressurreição do Corpo (At. 17.32). Muitas pessoas pensam do mesmo modo nos dias atuais, mas o Senhor revelou claramente que haverá um dia no qual os mortos ressuscitarão para a vida ou morte eterna (Jo. 5.29).

2. O ENSINO SOBRE A RESSURREIÇÃO EM I CO. 15
A ressurreição é o último tema abordado por Paulo nessa Epístola. Algumas pessoas na Igreja de Corinto negavam a ressurreição (v. 12). O Apóstolo mostra que esse é um grande equívoco, pois essa é parte integrante da fé cristã (v. 2). Cristo ressuscitou e esse evento é o fundamento da esperança (v. 4). Após a ressurreição, o Senhor apareceu a Cefas (Lc. 24.34. Mc. 16.7), aos demais apóstolos (Lc. 24.36. Jo. 20.19) e a mais de quinhentos irmãos (Mt. 28.16). Essas testemunham são apresentadas por Paulo a fim de mostrar a veracidade de tal relato. Se alguém não quer aceitar a ressurreição de Cristo como uma verdade, é vã a sua crença (v. 14), é sem conteúdo, sem substância, e mais que isso, atribui-se aos apóstolos uma mentira (v. 15). Se Cristo não ressuscitou, ou mais precisamente, se não acreditarmos em tal fato, ainda continuamos nos nossos pecados (V. 17). A ressurreição de Cristo trouxe algumas conseqüências para o cristão. A primeira delas é que a ressurreição do Senhor implica na ressurreição dos crentes, pois Ele é as primícias (v. 20-23). A morte, por sua vez, o último inimigo (v. 26), será destituída do seu poder. Nos dias atuais, ainda que o corpo seja semeado, chegará o tempo no qual esse será vivificado. Mas essa semente não tem vida em si mesmo, é Deus quem a dá (v. 36). Os corpos que ressuscitarão não serão terrestres, antes espirituais (v. 39-41), portanto, incorruptíveis (v. 42,43). E esses corpos espirituais estão intimamente relacionados ao espírito humano, do mesmo modo como o seu corpo atual o está com a vida terrena. Isso acontecerá em momento exato determinado por Deus (I Ts. 4.13-17), no qual os vivos serão transladados e os mortos ressuscitarão, esse é o mistério de Deus revelado à igreja (v. 50,52). Justamente nessa ocasião a morte será tragada na vitória (v. 54,55). A revelação de tal mistério deverá servir de encorajamento para que estejamos sempre atuantes na obra do Senhor, sabendo que o trabalho que aqui desempenhamos não é vão (v. 58).

3. EVIDÊNCIAS DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO
Cristo ressuscitou dentre os mortos e, graças ao testemunho bíblico, temos evidenciais cabais de tal acontecimento. Inicialmente, destacamos que sua execução foi pública, a fim de que todos atestassem sua morte. Ele foi açoitado e executado, juntamente com dois criminosos, no subúrbio de Jerusalém. Como já se aproximava o Sábado, os soldados romanos tentaram apressar a morte dos crucificados, quebrando-lhes as pernas, mas isso não ocorreu com Jesus, pois este já havia morrido. Como Jesus havia antecipado sua ressurreição, os oficiais romanos trataram de colocar seguranças no túmulo, a fim de que o corpo de Jesus não fosse roubado. Esses soldados tinham motivos para permaneceram alerta, pois, caso o corpo fosse levado, teriam que pagam com a própria vida. Paradoxalmente, após a ressurreição de Cristo, esse argumento foi usado pelos líderes religiosos contra o testemunho dos discípulos. Mesmo com a guarda do túmulo, esse foi encontrado vazio. O testemunho dos discípulos precisa ser ouvido, e muitos disseram ter visto Cristo ressuscitado, ainda em 55 d.C., informações que naquela época poderiam ser refutadas. Pedro, os doze apóstolos e mais de quinhentos irmãos, Tiago e Paulo (I Co. 15.5-8; At. 1.3). A vida dos apóstolos, devido a esse acontecimento sem precedentes, foi mudada radicalmente (At. 5.29), homens que outrora temiam as autoridades políticas e religiosas, agora falavam de Cristo com ousadia (AT. 5.42), ainda que fossem ameaçados de morte. Na verdade, muitos se tornaram mártires da fé por causa do testemunho da morte e ressurreição de Cristo, pois essa assegurava-lhes uma existência para além dessa vida terrena, pois o mesmo Espírito que ressuscitou a Cristo, ressuscitará também aqueles que nEle acreditam (Rm. 8.11).

CONCLUSÃO
Cristo ressuscitou e, porque Ele vive, podemos cantar com o autor do hino 545 da Harpa Crista “posso crer no amanhã. Porque Ele vive, temor não há. Mas eu bem sei, eu sei, que a minha vida está nas mãos de meu Jesus, que vivo está. E quando, enfim, chegar a hora em que a morte enfrentarei, sem medo, então, terei vitória: irei à Glória, ao meu Jesus, que vivo está”.

BIBLIOGRAFIAMORRIS, L. I Coríntios: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2007.
PRIOR, D. A mensagem de I Coríntios. São Paulo: ABU, 2001.

PB. José Roberto A. Barbosa
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terça-feira, 2 de junho de 2009

OS DONS ESPIRITUAIS

OS DONS ESPIRITUAIS
Texto Áureo: I Co. 12.7 - Leitura Bíblica em Classe: I Co. 12.1-11

Objetivo: Refletir a respeito da doutrina dos dons espirituais, ressaltando sua atualidade para a edificação do Corpo de Cristo.

INTRODUÇÃO
A doutrina dos dons espirituais tem total respaldo bíblico. No texto em foco da I Epístola aos crentes de Corinto, Paulo apresenta uma categorização, ainda que seja exaustiva, de alguns dons úteis para a edificação da igreja. No início da aula, definiremos o que seja os dons espirituais. Em seguida, a partir de I Co. 12, estudaremos a diversidade dos dons espirituais. Ao final, refletiremos, com base em I Co. 14, a respeitos de alguns princípios bíblicos para o uso prático dos dons na igreja local.

1. A DEFINIÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS
A palavra comum, no grego, para dons é charismata que, nos textos bíblicos, referem-se, no plural, às manifestações sobrenaturais provenientes do Espírito Santo para a edificação do corpo de Cristo (I Co. 12.4), tal palavra vem de charis (graça), sendo, portanto, assim como a salvação, dádiva divina, sem que haja merecimento. Esses são dons espirituais - pneumaticos (em grego) - sendo assim, não se pode pensar que sejam resultantes do esforço meramente humano (I Co. 12.7; 14.1). Assim, o estudo desses vocábulos, a partir do grego do Novo Testamento, nos leva a concluir que os dons são dádivas espirituais, concedidas pelo Espírito Santo, sem que haja merecimento humano, a fim de favorecer a edificação da igreja.

2. OS DONS ESPIRITUAIS EM I CO. 12
Neste trecho da Epístola, Paulo trata a respeito das “coisas espirituais” (pneumatikon em grego), o que significa, mais especificamente, os dons espirituais (v. 1). Em seguida, o apóstolo destaca a importância desses dons para a igreja (v. 4-6). A manifestação dos dons do Espírito visa, além da edificação do Corpo, a glorificação de Cristo (v. 11), com vistas à unidade, isto é, para que seja “tudo em todos” (v. 6). Paula dá três listas de dons neste capítulo, os quais são manifestos de acordo com a vontade do Espírito Santo (v. 7). É o Espírito que dá manifestações (revelações, meios pelos quais os se dá a conhecer). Esses dons não são distribuídos para beneficio próprio, mas com vistas, esses dons sequer são individuais, eles devem “ser úteis”. Eles podem ser classificados como: 1) da palavra de sabedoria e palavra do conhecimento; 2) de fé, dons de curar e oração de milagres; e 3) de profecia, capacidade para discernir os espíritos, línguas e interpretação de línguas. A diversidade desses dons é fundamental a fim de que a igreja possa ser amplamente favorecida. Por meio da palavra de sabedoria, Deus trás, à igreja, uma palavra prática para uma necessidade ou problema em questão (At. 6.2-4; 15.13-21) ou diante dos adversários (At. 4.8-14; 19-21; 6.9,10). A palavra de conhecimento é o discernimento sobrenatural quanto à revelação de Deus na Bíblia (At. 10.47,48; 15.7-11). O dom da fé (I Co. 13.2) não é a fé salvadora, mas um dom especial com vistas a beneficiar a igreja local ou para a realização de um milagre (At. 27.25). Os dons de curas (assim mesmo no plural) são manifestados para que Deus intervenha, curando doenças e enfermidades (At. 3.6; 4.30). O dom de operação de maravilha sugere muitas variedades de milagres e ações de poder sobrenatural (At. 13.9-11). A profecia é disponibilizada para todos os crentes (At. 2.17,18) para a edificação, exortação e consolação do Corpo. O discernimento de espírito visa distinguir as operações satânicas da real manifestação do poder divino (At. 5.3; 8.20-23; 13.10; 16.16-18). As variedades de línguas (I Co. 14.2) é uma demonstração da possibilidade da igreja falar em mistério. A interpretação de línguas, por sua vez, capacita os crentes a traduzir, sobrenaturalmente, algo falado em línguas (I Co. 14.6,13,16).

2. A APLICAÇÃO DOS DONS NA IGREJA LOCAL
A igreja deve buscar “com zelo os melhores dons” (I Co. 12.31), mas principalmente o de profetizar. A razão para a prioridade desse dom é a edificação da igreja, considerando que o falar em línguas edifica apenas a si mesmo, a menos que sejam interpretadas (I Co. 14.2). Por isso, aquele que fala línguas deve buscar interpreta-las (I Co. 14.5-14). Paulo dá o testemunho que prefere falar, na igreja, cinco palavras com entendimento, do que dez mil palavras em língua estranha (I Co. 14.19). O culto, por assim, dizer, não pode se restringir a um “festival” de línguas estranhas. O dom de línguas deva ser motivado quando os crentes estiverem sozinhos em suas devoções particulares. Esse é o caminho do amadurecimento espiritual, saber quando se deve ou não falar línguas (I Co. 14.20). As línguas no culto, principalmente quando interpretadas, servem de sinal para os descrentes, para que saibam quão distanciados de Deus estão (I Co. 14.21; At. 2.6). Mas se transformamos o culto num encontro para que todos falem línguas estranhas, os incrédulos não compreenderão a mensagem do evangelho e os crentes, como aconteceu em Jerusalém (At. 2.13), serão chamados de loucos. Por isso, Pedro, em At. 2.14, não falou a multidão em línguas estranhas, mas de forma audível e compreensível, o resultado foi uma conversão de quase três mil pessoas. Assim, que tudo seja feito com decência e ordem, para a edificação do Corpo de Cristo, se não houver quem interprete as línguas, que fique calado ou fale apenas consigo mesmo (I Co. 14.28). Quanto à profecia, que falem dois ou três e outros julguem (I Co. 14.29-31-32), isso mostra que o dom profético não é canônico, como a escritura, infalível, por isso, deva ser julgado à luz da Escritura. Paulo admite que as pessoas podem acrescentar seus próprios sentimentos. Talvez isso tenha acontecido quando os de Tiro, “pelo Espírito”, exortaram Paulo para que não fosse a Jerusalém (At. 21.4,11,12). Aquelas profecias não foram infalíveis porque outras passagens, como a de At. 9.16, 27.23,24, revelam que era a vontade de Deus que Paulo fizesse aquela viagem.

CONCLUSÃO
Os dons espirituais, conforme nos instrui o apóstolo Paulo, são dados para “cada um para o que for útil” (I Co. 12.7) e visam, acima de qualquer coisa, à edificação e à santificação da igreja (I Co. 12.7). Esse dons – charismata - são espirituais – pneumatikon - concedidos de acordo com a vontade do Espírito Santo (I Co. 12.11) a fim de suprir as necessidades da igreja (I Co. 12.31; 14.1). Esse dons não se restringiram apenas aos dias apostólicos, a igreja atual também pode usufruir deles com decência e ordem, de modo que não falte esses e outros dons (Rm. 12.6-8) até a vinda do nosso Senhor Jesus (I Co. 1.7).

BIBLIOGRAFIA
HORTON, S. M. I e II Coríntios: os problemas da igreja e suas soluções. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
MORRIS, L. I Coríntios: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2007.

PB. José Roberto A. Barbosa
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