INTRODUÇÃO
Após fazer as pazes com os crentes de Corinto, Paulo sente-se a vontade para tratar de um assunto espiritual: a contribuição cristã. A questão do dinheiro não é um assunto menos espiritual para o cristão. Por isso, deve ser tratado com sabedoria, principalmente com respaldo bíblico. Na aula de hoje estudaremos a respeito da iniciativa de Paulo quanto a coleta para os pobres. Em seguida, veremos que a generosidade deva ser uma prática do cristão. Ao final, apontaremos alguns princípios que orientam a coleta das ofertas na igreja.
1. A COLETA CRISTÃ PARA OS POBRES
As igrejas gentílicas, atingidas por grande privação durante o império de Cláudio (41 a 54 d. C.), carecia da assistência das igrejas. A igreja de Antioquia deu o exemplo inicial, enviando ajuda pelas mãos de Paulo e Barnabé (At. 11.27-30). Paulo deu continuidade a campanha de arrecadação na Galácia, mostrando preocupação com os pobres (Gl. 2.10). A igreja de Corinto também demonstrou interesse na participação dessa coleta (I Co. 16.1-4). O Apóstolo aproveita a solicitude dos irmãos de Corinto e os direciona para que demonstrem generosidade aos irmãos necessitados (II Co. 8.1-7). A princípio, destaca a generosidade das igrejas da Macedônica como um resultado da graça de Deus em suas vidas (Rm. 5.6-8; Fp. 2.4-11; Cl. 3.12,13; I Jo. 4.7-12). Aquela igreja, ainda que fosse pobre, superabundou em grande riqueza da sua generosidade (II Co. 8.1,2). A grandeza do ato generoso desses irmãos se revelou na disposição em contribuir para além de suas posses, voluntariamente. Eles agiram assim porque entendiam que mais bem-aventurado é dar que receber (At. 20.35). O princípio da contribuição, segundo relata Paulo em II Co. 8.5, esta na disposição de antes de entregar a oferta, entregar-se a si mesmo, assumindo a vontade de Deus. Diante da disposição generosa dos crentes, Paulo instrui Tito para que esse complete a obra da coleta que ele havia iniciado (II Co. 5.6). Como os crentes dos tempos antigos, a graça de Deus derramada em nossos corações em Cristo também deva nos constranger a exercitar a generosidade. Faz-se necessário romper com o paradigma moderno de tirar vantagem em tudo. O cristão precisa aprender a viver com desprendimento. Abençoado não é aquele que retém mais, mas o que entrega com alegria e liberalidade (II Co. 9.7).
2. A GENEROSIDADE CRISTÃ
A igreja de Corinto era imperfeita, mas Paulo não deixa de reconhecer a abundância da fé, do amor e do cuidado daqueles irmãos. Eles eram excelentes na palavra e no conhecimento (I Co. 1.4-7), mas é principalmente na fé e no amor que se destacavam (II Co. 8.7). A demonstração dessa fé e amor é revelada no interesse dos irmãos coríntios em participar da coleta em prol dos pobres da igreja. O amor genuíno não fica apenas em palavras, mas é expresso em atos (Lc. 19.1-10; I Jo. 3.16-18). A preocupação com a pobreza dos irmãos se fundamenta no fato de que Jesus também foi pobre (Lc. 2.7; Lc. 2.24; Lv. 12.6-8); Lc. 9.58). Não podemos esquecer que a pobreza de Cristo nos tornou ricos. A riqueza do cristão tem uma dimensão escatológica, pois o dinheiro, na revelação do evangelho, não deve ser entesourado e pode causar a ruína do crente (Mt. 6.19-24). Na teologia do Antigo Testamento há espaço para uma crença no acúmulo de riqueza, mas não no Novo Testamento, que motiva o ser humano à generosidade (At. 20.35). Essa é uma direção divina para o cristão que, diferentemente do Israel do Antigo Testamento, não vive pelo que ver, mas pela fé no Deus da providência, e que nos dá o pão nosso de cada de dia (II Co. 5.7; Mt. 6.11). Para que o dinheiro não se torne um Deus, é preciso agir, não depois, mas agora, contribuindo com os mais necessitados (II Co. 8.10,11). O evangelho de cristo não exige que doemos mais do que temos, e orienta para que sejamos cautelosos em relação àqueles que querem tirar proveito do evangelho, antes que contribuamos de acordo com as possibilidades (II Co. 8.12). Existem casos extremos de fé, destacados por Jesus, em relação à oferta da viúva, que deu todo seu sustento (Lc. 21.2,3), mas essa é uma atitude individual, que partiu do íntimo do coração, não foi forçada ou constrangida. A mensagem de Paulo nesse texto difere da de algumas “pregações” que visam tirar dos irmãos mais do que eles podem dar. Determinadas igrejas evangélicas incitam os crentes a dar o que não têm, mas a igreja amadurecida na palavra instrui os irmãos que contribuam com os dízimos (Mt. 23.23) e ofertas, princípio que leva em consideração a proporcionalidade (II Co. 8.13-15; I Co. 16.2).
3. INSTRUÇOES PARA A COLETA DA OFERTAS
Do mesmo modo que Deus motivou Tito para levantar as ofertas em Corinto pelos irmãos necessitados, nos dias atuais, o mesmo Senhor, através da Palavra e do Seu Espírito, direciona pessoas para se sensibilizarem com a causa dos pobres (II Co. 8.16). Essas pessoas agem com o coração voluntarioso, são desprendidas de interesses materiais, ajudam graciosamente, não porque pretendam tirar alguma vantagem, seja financeira ou eleitoreira (II Co. 8.17). Esses irmãos precisam ter o aval da igreja a fim de atuarem no ministério da coleta, a fim de que o dinheiro não seja desviado, resultando em escândalo para o evangelho. A igreja precisa ser cuidadosa quando se trata da coleta, todo esforço deva ser empreendido para dar transparência e evitar falatórios infundados (II Co. 8.18,19). Devemos lembrar que Paulo tinha opositores que queriam tirar vantagem de qualquer brecha no seu ministério para acusá-lo de ilicitude. Por esse motivo, o Apóstolo demonstra cuidado na administração da oferta a fim de evitar críticas. Ele instrui os irmãos para que ajam com honestidade, não só perante os homens, mas, principalmente, perante o Senhor (II Co. 8.20,21). A coleta não estava na direção de apenas uma pessoa, por isso Paulo envia, com Tito, dois irmãos zelosos para auxilia-lo (II Co. 8.22,23). Depois de credenciá-los e recomendá-los para a tarefa, orienta os irmãos coríntios para que demonstrem amor pelos pobres, referindo-se, certamente, à contribuição generosa que fariam perante eles (II Co. 8.24).
CONCLUSÃO
A prática da generosidade cristã deve ser cultivada na igreja cristã. Para tanto, é preciso que haja desprendimento, que a cultura mundana do acúmulo, denominada, em algumas ingrejas, de “bençãos”, seja reavaliada. Alguns cristãos se acostumaram de tal modo com a riqueza, que denominam aos que nada têm de amaldiçoados. Bem-aventurados não são aqueles que têm muito, mas os que estão dispostos a doar do que têm. Para ilustrar, contramos a estória de um mendigo que passou na porta de um espírita, um católico e um evangélico. Cada um deles tinha apenas um pão: o espírita refletiu a respeito do desprendimento para o aperfeiçoamento espiritual e doou todo o pão, preferiu ficar com fome; o católico, na dúvida a respeito da salvação pela fé ou pelas obras, dividiu o pão ao meio, cada um comeu a metade; e o evangélico, pensou, bem sou salvo pela graça, por meio da fé, não das obras, resolveu comer o pão sozinho e se prontificou a orar pelo mendigo. O cristão, de fato, é salvo pela graça, por meio da fé, não das obras, mas porque é salvo, deva praticar boas obras (Ef. 2.8-10).
BIBLIOGRAFIA
KRUSE, C. II Coríntios: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999.
HORTON, S. I e II Coríntios. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com/