Introdução
A expressão “segundo o coração de Deus” pode ser traduzida como “segundo a vontade de Deus”.
A expressão “segundo o coração de Deus” aparece apenas duas vezes: I Sm13:14 e At 13:22.
Quem é “segundo o coração de Deus” possui as seguintes qualidades: perdão, tolerância, longânimo, paciente, autocontrole, não sente dificuldade em voltar atrás em decisões erradas, não é vingativo, etc.
A Bíblia dedica 60 capítulos (entre capítulos e salmos) a Davi, e 60 vezes é feito referencia ao seu nome no Novo Testamento, e, ainda o seu nome é o primeiro a ser mencionado na genealogia de Jesus, nas primeiras linhas do evangelho de Mateus.
Israel estava vivendo uma crise na liderança política e na vida espiritual. Os filhos de Samuel não trilharam os retos caminhos do pai (1 Sm 8.1-5). Desorientado, o povo decidiu buscar um rei que os governasse (1 Sm 8.5-9; -10.17-25). Elegeram a Saul, que apesar de cumprir os principais requisitos humanos, Saul foi rejeitado por Deus, em razão de sua infidelidade (1 Sm 13.14). É exatamente nesse contexto que surge Davi, um homem “segundo o coração de Deus” (1 Sm 13.14; 16.11-1 3).
Quem Davi?.....Davi era um jovem comum à sua época. Não possuía uma aparência exuberante (I Sm 16.12). Pastor das ovelhas de seu pai. (I Sm 16.11) e excelente músico (I Sm 16.18), e vivia num povoado pequeno, em Belém (I Sm 16.1), exatamente a cidade em que Jesus nasceu.
Davi foi um verdadeiro líder e isso fica comprovado pelas diversas vezes que lemos a seguinte expressão:...reis que governaram bem porque andaram “no caminho de Davi” (2 Rs 22.2); e os que governaram mal, pois não fizeram o que era reto aos olhos do Senhor, “como Davi” (2 Cr 28.1).
Aspectos do carater de Davi
Humildade: Davi era um homem humilde e reconhecedor de suas limitações (SI 131; 40.12,17). Apesar de ser um soldado inigualável, um comandante corajoso, um rei exemplar, sempre atribuiu todas as suas vitórias ao Senhor dos Exércitos (SI 34.4-7; 40.5-10; 124; 144.1,2). Quanto mais o homem se aproxima da bondade, santidade e grandeza do Altíssimo, mais consciente se torna de seus pecados, mazelas e misérias (Rm 7.24,25; 12.3).
Sinceridade: Davi nunca quis ser urna pessoa diferente do que realmente era. Tinha um coração sincero (SI 26.2; 38.9). Mesmo em uma sociedade em que se valoriza excessivamente o exterior, Deus continua olhar para o interior. Para o salmista, sinceridade e integridade são indispensáveis aos que desejam desfrutar de íntima comunhão com o Eterno (SI 15).
Dependência de Deus: Davi dependia do Senhor em todas as circunstâncias da vida (SI 16:2,5; 17.5; 18.21; 25.4,5; 143.8,10; 142.5).
Coragem: A coragem de Davi era incontestável: matou um leão, um urso, um gigante (1 Sm 17.34,35) (1 5m 17.32), lutou bravamente contra os filisteus sob risco da própria vida.
Gratidão: Davi não se cansava de exaltar ao Senhor por seus maravilhosos feitos (SI 9.1,2; 86.12; 138.1,2) (Sl 7.1,17; 8.1-9; 13.5,6; 16.7; 18. 46,49,50; 144.1,2; 145.1-21).
Arrependimento: Segundo a lei mosaica, Davi cometeu dois pecados imperdoáveis: adultério e - assassinato premeditado (2 Sm 12.9; ver Ex 20.13,14; - 21.12-15; - Lv 20.10; - Dt 22.23,24; - SI 51.14-17). Davi ao pecar arrependeu-se profundamente (2 Sm 12.13a; - SI 51.4). O crente que não reconhece seus erros e rejeita a disciplina do Senhor, poderá ter o mesmo destino de Saul (Mt 18.15-17; - 2 Ts 26-14). “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28.1 3). Davi arrependeu-se do que fez, pediu perdão a Deus de todo o e foi perdoado (2 Sm 12.13b; - SI 32:5; - 38:18; 51.3-19).
O modelo bíblico de liderança é aquele centralizado no caráter, ao contrario do que ensinava Maquiavel que era preferível ao rei ser temido do que ser amado. Elementos do caráter cristão como o temor de Deus, a coragem, a virtude, o altruísmo, a honestidade, etc., são postos em relevo. As técnicas mudam, mas os princípios do caráter não.
Davi serviu voluntariamente a sua geração
Palavra “Servo” (latim servus, -i, escravo)
- Aquele que não dispõe da sua pessoa, nem de bens, que não tem direitos;
- Pessoa que presta serviços a outrem, não tendo condição de escravo (criado, servente, serviçal);
- Pessoa que depende de outrem de maneira subserviente;
Servo: Davi nunca se queixou do laborioso e solitário pastoreio das ovelhas de seu pai. Ungido rei não hesitou em voltar ao seu trabalho habitual. Servia ao pai prazerosamente com o que sabia e mais gostava de fazer: estar com as ovelhas (1 Sm 16.19). Davi tinha um coração de servo! Deus mesmo chamou-o de servo (SI 78.70; - 89.20). É imprescindível a todo cristão avaliar o modo como serve a Cristo (Mt 7.2 1). Você o tem servido de todo o coração? Jesus é o maior exemplo de servo humilde e obediente ( Jo 4: 34; - Fp 2.5-8).
A missão de todo homem é viver não para si próprio, mas para Deus. Davi era um homem que se conformava em fazer a vontade do Senhor. Davi não era perfeito, mas ele era um homem sincero.Devemos estar cientes dos planos que Deus estabeleceu para a vida de cada de um nós. Caso contrário, corremos o risco de fazer as nossas próprias vontades. Fazer a vontade de Deus deva ser a meta de todo cristão. Mesmo que uma determinada atribuição seja considera menos significativa, ou não dê muita visibilidade, valerá a pena se esse for o lugar para o qual Deus planejou.
Davi serviu a Deus com propósito
Além do propósito foi a própria escolha de Davi e também a escolha soberana de Deus bem como, Davi, o escolhido do Senhor, 'era segundo o coração de Deus' no sentido de estar dedicado à sua vontade e aos seus propósitos. A vontade de Deus na vida de Davi se deu antes mesmo que ele nascesse, ou seja, Ele não era apenas mais um. Na sociedade moderna temos a sensação de que não passamos de mais um na multidão.
O menor na casa de Jessé se tornou o maior em Israel
A ascenção de Davi ao trono não foi resultado do esforço humano ou da cobiça pelo poder. Samuel foi a Belém e não sabia a quem iria ungir, e também não disse a ninguém o que iria fazer. Uma das grandes lições na história de Davi é a sua paciência para esperar o momento certo de ascender ao trono de Israel. Paciência adquirida do trato com as ovelhas, paciência advinda da fé – inteira dependência; segurança das coisas esperadas – em Deus; paciência que era também fruto do imenso respeito que demonstrava por aquele que, embora desvinculado da vontade divina, havia sido ungido para ser rei de Israel.
O pequeno pastor que realizou proezas com o poder da fé
O desafio lançado por Golias ao exército de Israel era comum naqueles dias, onde se digladiavam dois campeões e o vencedor ganhava a batalha para o seu exército. Davi tinha experiência com Deus, adquirida no Campo de Batalha, no “batalhar pela fé”. Quem não matar o leão e o urso, não matará Golias. É no campo de batalha, é no confronto direto com os inimigos, é na realização da Obra de Deus que a fé cresce e se fortalece. Davi ainda muito jovem, colocou-se como o campeão dos israelitas para enfrentar o blasfemo Gigante filisteu, homem acostumado às batalhas, vestido com toda sua armadura (I Sm. 17.5-7), tal disposição heróica e louca de Davi, causou espanto ao guerreiro filisteu. Podemos tirar algumas lições:
1) enfrentar gigantes é uma experiência intimidadora, mas, no dia-a-dia, lutar contra os gigantes não é uma tarefa fácil;
2) pelejar é uma experiência solitária, e, individualmente, precisamos enfrentar os “Golias” que se apresentam diariamente;
3) confiar em Deus é uma necessidade, caso contrário, fugiremos, ficaremos aterrorizados pelo tamanho dos “gigantes”;
4) vencer traz conseqüências memoráveis que servirá de encorajamento para o futuro. Para Davi, cada uma das suas ações o transformou em um grande homem.
Quando buscou reconciliação com o Senhor
Arrependido - sua maior virtude: sabia quebrantar-se ( Hb dakka: esmagado como pó; triturado) (Sl 34.18: ), recebeu o perdão divino, contudo, sofreu as consequencias. Davi estava disposto a assumir toda a culpa e sofrimento em detrimento do povo. Quando ele assumiu a culpa pelo pecado e colocou-se como o único merecedor de receber - em si mesmo e em sua familia - o castigo, tornou-se alvo da misericórdia de Deus.
"Quando estamos esperando, o plano de Deus e o seu tempo perfeito são dignos da nossa confiança". Charles Stanley – Revista EBD. Construir relacionamentos é uma porta aberta à proclamação do evangelho. A exemplo de Davi, perdoando a Saul quando este o perseguia para matá-lo, e depois quando foi procurado no deserto por Abigail, esposa de Nabal, o carmelita (1 Sm 25), devemos passar por cima de toda e qualquer afronta, e por meio do diálogo fortalecer nossos relacionamentos em prol da causa do reino.
Quando buscou reconciliação com o próximo
Irado (I Sm 25.2-13) com a indiferença e a grosseria de Nabal fez com que Davi perdesse, por um período de tempo, a paciência que tanto lhe era peculiar. Isto nos ensina a termos cuidado com os sentimentos negativos. O mesmo Davi que se porta pacientemente com Saul, que sabe esperar no Senhor, que se recusa a ferir o ungido do Senhor, agora explode em raiva, perde o controle. Devemos ter cuidado (Pv 29.11). Porém,
Misericórdioso (I Sm 25.18-35), após encontrar com Abigail, que com sabedoria o convenceu a não levar adiante seu plano de vingança. Mas, o coração de um homem segundo o coração de Deus é inclinado ao perdão, à tolerância, e não sente dificuldade em voltar atrás em decisões erradas.
Aplicação pessoal
Muitas vezes somos como Davi: amamos a palavra do Senhor, buscamos viver em sintonia com o Espírito Santo, mas, há momentos que alimentamos maus pensamentos, maus desejos, más conversações, ações erradas, e o pior, quando confrontados pelo Espírito Santo, damos desculpas mil, como: é culpa da outra pessoa; não pude evitar; todo mundo faz isso; foi um engano; o diabo me tentou, etc. Entretanto, Paulo escreveu: “pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra... mortificai, pois os vossos membros que estão na terra: a prostituição, a impureza; o apetite desordenado...”(Cl 3.3, 5). Quantas vezes nos deparamos com maus desejos, pecado sexual, impureza, lascívia, cobiça, ira, dissensões, malicia, calunia, linguagem torpe, mentira. O nosso maior mal é sermos ouvintes esquecidos, o crente necessita ouvir a Palavra, recebê-la e também nela meditar (Sl 1.2), muitas vezes ouvimos, processamos a informação e guardamos em nosso intelecto sem permitir que desça ao coração.